Se em ambientes normais de temperatura e pressão já é difícil traçar perspectivas econômicas para o Brasil e o mundo, imagine no cenário atual. Para este desafio, este artigo contempla ao máximo o uso de elementos que tenderão a se manter ativos, nos dando uma visão mais orientada (e até certo ponto, fundamentada) do que poderemos esperar para 2021.
Já que 2020 tivemos uma experiência diferente e foi um ano extremamente atípico, é inegável. Há quem diga que foi um ano perdido e para outros, um ano de muita oportunidade e crescimento. Sendo bem direto, 2021 será igualmente difícil para a maioria das pessoas e empresas. Continue lendo e entenda porque digo isso.
Quando os países irão se recuperar economicamente da pandemia?
Segundo os dados da OCDE, com base no retorno aos níveis pré-pandêmicos de PIB per capita a China está se recuperando em uma grande velocidade. Por outro lado, não se espera que a Arábia Saudita se recupere antes de 2024, e estima-se que a Argentina terá uma recuperação ainda mais lenta, ocorrendo apenas após 2026.
A maioria dos países atingirá níveis pré-pandêmicos de PIB per capita até o final de 2022. As economias avançadas de recuperação mais lenta – Islândia e Espanha – não devem se recuperar até 2023.
Somente o tempo dirá quando voltarmos ao “normal” em todos os lugares, no entanto, o normal provavelmente nunca será o mesmo. Muitos impactos da pandemia global permanecerão conosco a longo prazo.
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A Velha Política Econômica Brasileira
Para traçar as perspectivas econômicas para 2021, analise rapidamente o gráfico abaixo, que mostra em bilhões de R$, o histórico e as projeções para a:
- Geração de riqueza do PIB brasileiro;
- Nossa capacidade de gerar resultados (Resultado nominal = Arrecadação total – gastos públicos – gastos com juros da dívida);
- Dívida pública bruta (tudo o que o governo deve);
As principais tendências e perspectivas econômicas para 2021
Fonte: Projeções Econômicas Itaú BBA / Elaboração: Leonardo Grisotto
Em 2020, nosso PIB chegará em R$ 7,3 trilhões, a dívida pública na casa dos R$ 6,7 trilhões e o déficit (resultado nominal) na casa de R$ 1,2 trilhão. São dados reais alarmantes. Mesmo desconsiderando um 2020 atípico, histórico e projeções continuam desanimadores do ponto de vista econômico.
Sinais claros #1:
- Embora tenhamos um histórico consistente de crescimento do PIB, a dívida pública bruta vem aumentando ano após ano;
- Além disso, nosso histórico de resultados (déficit) não são nada animadores. Gastamos mais do que arrecadamos. Ineficiência e irresponsabilidades da velha política econômica brasileira, ano após ano, sem perspectivas de mudanças. Agora veja um ângulo complementar desses indicadores:
Projeção da Economia no Brasil
Fonte: Projeções Econômicas Itaú BBA / Elaboração: Leonardo Grisotto
Sinais claros #2:
As tendências de aumento do endividamento público, baixo crescimento, incompetência na geração de resultados são nítidas com poucas perspectivas reais de mudança no curto e médio prazo.
Aí eu te pergunto: Diante de tais fatos, como poderemos, neste 2020, imaginar que tudo ficará bem em 2021? Não falo isso só com base nos gráficos acima. É fato: Somos um país com péssima gestão política, fiscal e econômica há séculos.
Sinais claros #3
Se considerarmos a gestão de governo atual, teremos sinais como:
- Gastos excessivos no combate à pandemia, causados por uma péssima gestão da crise;
- Gastos excessivos na máquina pública, sem nenhuma perspectiva de mudança, que continuarão elevando a dívida do governo;
- Término no auxílio emergencial e incerteza de novos programas sociais;
- Nenhuma perspectiva de reforma tributária para aliviar as empresas e incentivar investimentos;
- Gestores públicos com péssima capacidade de gestão nas esferas superiores;
- Falta de incentivos à investimentos;
- Programa de privatizações não andou como deveria;
- Política ambiental deplorável, contrária às tendências globais.
E fora o Brasil, as perspectivas econômicas no exterior o cenário se complica ainda mais. Veja o porquê.
Perspectivas Econômicas: EUA, China e Europa
O FMI (Fundo Monetário Internacional) já se declarou preocupado com o potencial aumento dos preços, em função dos pacotes de resgate, sendo que isto pode causar um descolamento da economia real. Os EUA estão com níveis de dívida acima de 128% cima do PIB (nov/2020), ante 115% em maio/2020. Com dívidas maiores (e crescendo), a nova administração de Biden precisará fazer duas coisas:
- Aumentar impostos;
- Reduzir gastos e/ou investimentos.
Estas alavancas poderão esfriar a economia dependendo da intensidade com que forem acionadas. Por isso, o desafio dele é enorme. É provável que a dívida do governo, somada com altas taxas de desemprego, queda na renda e juro zero se revertam em pressão inflacionária. Fora que, se o FED for pressionado a criar novos pacotes de resgate, isso poderá tornar o medo do FMI em realidade, ou seja, criar uma bolha de preços descolada da economia real. Mas calma, nem tudo está perdido.
O Mercado de Capitais Brasileiro e a Perspectiva Empresarial
O ano de 2020 entrará para a história do mercado de capitais brasileiro, como um dos mais surpreendentes. Foram movimentados mais de R$ 100 bilhões em IPOs, mesmo com pandemia e lockdown.
Com Selic a 2%, o Brasil deixou de ser o país do rentismo e incentivou milhões de novos investidores a se aventurarem na bolsa. Antes da COVID-19, fundos de investimentos globais e fundos corporativos das grandes empresas somavam mais de USD 50 bilhões em caixa, prontos para serem investidos, mas que foram prontamente postergados por motivos óbvios.
Com a entrada da pandemia, as empresas mais ágeis e preparadas ganharam terreno e novos modelos de negócios entraram em cena. Fora o fato de que os bancos centrais injetaram bilhões e bilhões na economia global (pacotes de resgate) para enfrentamento da crise provocada pelo Coronavírus.
Sinais claros #4
Junte tudo isso e teremos um sinal claro de que 2021 vai continuar aquecido no mercado de capitais, assim como em movimentos estratégicos de fusões e aquisições. Sendo assim, a movimentação de capitais continuará ativa, se não ainda maior em 2021, na busca por rentabilidade e Market-share. Acredito que este ambiente empresarial e financeiro vai segurar o mercado de certa forma, mesmo com um cenário fiscal e político tão ruim.
Dentre outros fatos, pode-se notar:
- Muito dinheiro em caixa antes da pandemia;
- Pacotes de resgate bilionários (bailouts), tanto no Brasil (+R$ 750 bi), quanto nos EUA (+US$ 2,3 tri) e em diversos bancos centrais mundo afora.
- Necessidade de investimento em ativos de maior retorno (assumindo mais riscos);
- Ativos depreciados e baixa de inúmeros players em função da pandemia, cria ambiente favorável para fusões e aquisições;
- Rentabilidade baixa (Selic a 2%) da renda fixa.
O que podemos aprender com isso?
Mesmo diante da esperança quanto à vacina do coronavírus, devemos colocar o pé no chão e entender que levará vários meses, para que ela seja aplicada com efetividade e encerre esta página do livro da história moderna.
“Produzir doses suficientes, depois distribuir e vacinar uma população significativa do mundo, levará muitos meses, senão anos. ” Como disse o ministro do Comércio e Indústria de Cingapura, Chan Chun Sing.
Até lá, teremos muita água para correr abaixo da ponte. Incertezas geopolíticas e econômicas, bem como a ocorrência de uma segunda onda da Covid-19 criam um horizonte dificílimo para 2021, como você pode imaginar, com base nos fatos e perspectivas acima.
“Se o Brasil não reduzir sua dívida pública, com um amplo programa de privatizações, e não cortar seus gastos, com uma profunda Reforma Administrativa, qualquer boa perspectiva para a economia brasileira irá por água abaixo, devido a uma crise fiscal e fortes altas da inflação e dos impostos. ” disse Ricardo Amorim.
Por fim, para enfrentar (e sobreviver) à um 2021 nada animador, gostaria de recomendar 5 habilidades para vencer no mundo pós-crise:
- Adapte-se com agilidade ou morra
- Equilíbrio entre Corpo, Mente e Espírito
- Surdez planejada
- Visão bifocal
- Alianças estratégicas
Se quiser ir além de perspectivas econômicas e entender melhor a importância dessas habilidades no mundo pós-crise, assista aula exclusiva da Plataforma do AAA Inovação, clicando aqui!