Seguindo a segunda parte da série de artigos sobre o C2 Montréal, irei abordar nesse texto sobre os principais insights do dia 02 de um dos maiores festivais de inovação, criatividade e negócios do planeta.
Neste segundo dia do festival de inovação C2 Montreal, no Canadá, começamos com duas conferências fundadas principalmente em sustentabilidade, com os seguintes temas “Além da grande resignação: Onde estamos agora?”, apresentada por Ronda Carnegie (The Female Quotient) e Maryjo Charbonnier (Kyndryl), seguido pela segunda apresentação com o tema “Consumo verde: o que os dados dizem sobre o comportamento do consumidor e a sustentabilidade”, cujos apresentadores foram Solitaire Townsend (Futerra) e Wardah Malik (BEworks). Em resumo, as apresentações destacaram as preocupações das empresas, executivos, colaboradores e cidadãos a respeito do comportamento do consumo com a saúde mental, flexibilidade e sustentabilidade, principalmente no que se refere aos impactos nas alterações comportamentais. Especificamente no ambiente de trabalho, estão sendo feitas iniciativas imersivas em treinamento de inovação e tecnologia, principalmente com o advento da automatização e machine learning, cujas capacitações precisam ser adequadas e atualizadas para novas funções.
O Metaverso, finalmente, foi abordado, em um contexto um tanto quanto realista, objetivo e palpável, uma vez que foram apresentadas diversas aplicações que efetivamente utilizavam a tecnologia imersiva no mundo corporativo, tendo sido adotada para facilitar a flexibilidade no ambiente de trabalho (Decentreland), auxiliando na integração das equipes em ambientes híbridos bem como a diversidade, uma vez que os colaboradores poderiam escolher o “avatar” que melhor se identificavam, sem identificar o gênero.
Outro assunto abordado pelos palestrantes foi o “Greenwashing”, ou seja, empresas que se dizem comprometidas com a sustentabilidade e governança mas que, na verdade, não são. Com muita sinceridade, todos admitiram no palco que nenhum produto é “100% green”. Mas o importante é ter o compromisso de adotar iniciativas e ter programas para melhorias constantes.
Pela primeira vez ouvi o termo “Greenlicensing”, que significa “ter licença para fazer o que quiser, sem culpa” que, em inglês, a expressão literal utilizada foi “License to act without guilty”. Ou seja, há empresas que estão aparentemente se dizendo sustentáveis e, com isso, estão ignorando o respeito ao cliente ou negligenciando outras boas práticas, apenas porque atendem a requisitos técnicos de sustentabilidade. Esta conduta foi repudiada por todos os palestrantes, já que não é assim que uma empresa ESG (Environment, Social & Governance) deve se comportar. Por fim, esta palestra destacou a importância de se contabilizar as iniciativas de ESG, de forma que a empresa possa comprovar, com evidências financeiras e documentais, seus compromissos com a sustentabilidade e a comunidade.
Na sequência, foi a vez dos Tokens Não Fungíveis, ou NFTs, como são conhecidos. O tema da palestra foi “INTEGRATING NFTS INTO YOUR BUSINESS STRATEGY”, ou seja, como integrar os NFTs na estratégia de negócios. Os palestrantes da vez Avery Akkineni (Vayner3), Damien Lefebvre (Valtech) e Alexy Préfontaine (Aeforia), destacaram o mal uso da tecnologia por parte de fraudadores e que os NFTs, quando levados a sério e bem executados por profissionais, são uma excelente oportunidade de negócio, pois geram valor às marcas, podendo ser utilizados para fidelizar clientes através de experiências exclusivas, premiações, descontos e benefícios, ou até mesmo para colecionadores, no caso de direitos autorais e obras de arte.
A tecnologia Web 3.0, bem como o Blockchain, foram colocados em segundo plano, uma vez que, segundo os palestrantes, a estratégia de negócio é o que irá fazer a diferença a longo prazo – “It is Long Term Game”. A tecnologia seria apenas um instrumento para se atingir os objetivos (o que, particularmente, concordo plenamente).
No que se refere à utilização artística dos NFTs, os palestrantes pontuaram que é uma excelente oportunidade para se monetizar a arte e a cultura, pois se trata de mais uma, dentre milhares de plataformas físicas ou digitais, em que é possível ser explorada pelo artista. Ou seja, trata-se de um novo ecossistema tecnológico, que exige um novo modelo de negócio e uma estratégia diferenciada.
Ademais, de acordo com os palestrantes, ainda é possível particionar direitos de exploração de filmes e músicas, por exemplo, entre diversos artistas e investidores e, ato sequente, monetizar financeiramente este NFT, fazendo a distribuição automática da receita obtida através de smart contracts. Na teoria, parece algo muito sensato e coerente. Tecnologicamente, também é viável. Mas, particularmente, vi poucas iniciativas neste sentido e estou no aguardo de mais exemplos para tirar minhas convicções, principalmente de como o governo irá encarar e reconhecer esta receita, bem como fará o monitoramento e a tributação.
Por fim, a conclusão de todos é que a Economia Digital ainda está em uma versão Web 2.5, mas ainda não amadureceu o suficiente para se explorar, com todos seus recursos e forças, a Web 3.0. As companhias ainda estariam tentando entender o que é e como trabalhar melhor os NFTs e o Metaverso. Mas a realidade, segundo os próprios palestrantes, é que ainda não há escala suficiente, hipótese em que os NFTs e o Metaverso ainda estão concentrados em ambientes de games e jogos eletrônicos.
Este foi o resumo do segundo dia. Até o próximo terceiro dia! Espero que estejam gostando e continuem acompanhando as novidades do festival!
Dia 01: principais insights C2 Montréal
Dia 03: principais insights C2 Montréal
Confira a websérie completa feito por Paulo Perrotti sobre o C2 Montréal, um dos principais festivais de inovação, criatividade e negócios do planeta na Plataforma da AAA Inovação, clicando aqui!