Há um ônibus parado em frente a empresa. Quem embarca comigo?
A quantidade de colaboradores dispostos a entrar no ônibus junto contigo, sem muitas perguntas, demonstra a qualidade da sua liderança. Sem querer ser reducionista, liderança é isso: a capacidade de conseguir motivar pessoas a entrarem junto conosco num desafio, sem precisar dar muitas explicações.
Recentemente assisti a um vídeo do Dado Schneider sobre a diferença entre liderança por coação e por adesão e ele me levou a refletir sobre um outro tema, também relacionado a liderança: A comunicação do líder.
Estudos mostram que a forma como falamos diz mais que as próprias palavras, que o tom de voz representa 35%, a expressão corporal, 55% e as palavras, apenas 10%.
Não basta ter razão, ter o comando, é preciso saber fazer o bom uso.
Quantos erros cometidos pela forma de dizer?
Para ilustrar, gostaria de compartilhar uma experiência que foi um divisor de águas na minha carreira de docente do ensino superior.
Comecei dando aula para turmas pequenas, com até 35 alunos, Essas foram aumentando até chegarem a 66 alunos. Com esta quantidade de alunos, somado ao barulho do ar condicionado, fez-se necessário o uso de um microfone. Acabei recebendo um de rosto.
Continuei dando minhas aulas, até que recebi o resultado da minha avaliação semestral dos alunos. Além da nota baixa, comentários do tipo: “esse professor fala com raiva, parece um touro bravo”…. “está com raiva”….. outros me chamaram de “Darth Vader”….
No retorno do semestre, um pouco desanimado, procurei um aluno com quem tinha mais liberdade e comentei sobre a minha surpresa com a avaliação. Ele me disse: “Então prof, é que quando o senhor fala, a gente ouve junto a sua respiração.”
(Escutaram a minha mão batendo na testa?)
Enquanto professor, não permiti que os alunos tivessem a liberdade de chegarem até mim e falarem a respeito, estava muito preocupado com o conteúdo. Foi necessária uma avaliação, um ambiente neutro, sem identificação, para que eles se sentissem a vontade para se comunicarem comigo.
Bastou um feedback construtivo para que eu mudasse o microfone e no semestre seguinte, nota 9,3 na mesma avaliação, pelos mesmos alunos. Eu não mudei, minha aula não mudou, o que mudou foi a forma, o instrumento, através do qual eu mandava minha mensagem, que no caso, era o conteúdo.
Liderança é saber a importância do trabalho em equipe
- Quantas confusões por um whats ou um email que deveria ter sido uma ligação?
- Ou por uma ligação, que deveria ter sido uma conversa olho no olho?
- Não adianta só saber o que dizer. É preciso prestar atenção ao “como” irá dizer.
De pouco adianta ao líder definir a meta e escolher a melhor estratégia, se não consegue comunicar isso de forma eficaz a sua equipe, ou pior, comunica de forma desastrosa fazendo com que cada um puxe pra um lado.
Estão todos ocupados, correndo pra cá e pra lá, mas com baixa produtividade. Perdeu-se a sinergia. Poucas coisas grandiosas foram realizadas sozinho.
Sozinhos somos limitados por nosso tempo, por nossas mãos. Em equipe, multiplicamos as mãos, o tempo, os talentos.
Sozinhos vamos mais rápido, sim, e muitos preferem caminhar sozinhos. Mas estes dificilmente serão bons lideres ou sua liderança será curta.
Lideres sabem que é em equipe que se vai mais longe e líderes que sabem se comunicar, são os que chegam mais longe e com mais pessoas ao seu lado. É desses que nosso mundo precisa.
Ao se comunicar com sua equipe, além de dominar o conteúdo. Preocupe-se também com a forma de apresentá-lo. Elimine os ruídos da sua comunicação e veja os resultados. Faça um teste!