A Kodak foi uma empresa centenária de grande sucesso no mundo, e que sucumbiu a partir da comercialização das câmeras digitais, destruindo assim seu principal produto, o filme fotográfico. Será esse o real motivo da falência da gigante Kodak?
A empresa foi criada em 1880, nos Estados Unidos, quando George Eastman desenvolveu um papel que podia ser coberto de emulsão fotográfica. Estava criado o papel fotográfico que foi aprimorado nos anos seguintes. Em 1888 a Kodak lançou o primeiro rolo de filme comercial e a primeira câmera fotográfica, que foi sucesso absoluto.
A história da Kodak foi marcada por inovações e produtos de sucesso, desenvolveu milhares de produtos para as mais diversas áreas da fotografia. A empresa atingiu seu ápice na década de 70, tinha 90% do mercado de filmes e 85% de câmeras fotográficas no Estados Unidos e uma presença fortíssima no mundo. Nesta época chegou a ter 100.000 empregados e era a maior empresa do segmento de fotografia do mundo.
Em 1975 um engenheiro da Kodak, Steve Sasson, criou o que seria a primeira câmera digital, que tirava fotos de até 0,1 megapixel. Mas o que seria uma grande invenção da empresa seria também uma grande ameaça a maior fonte de renda da empresa, o filme fotográfico. A empresa manteve o desenvolvimento da tecnologia digital, e em 1991 produziu uma câmera fotográfica de 1 megapixel e com visor digital.
A partir dos anos 90 a Kodak entrou em um declínio progressivo, e em 2012 entrou com pedido de falência. Seu principal produto, os filmes e revelações de fotos, foram perdendo mercado para as fotos e máquinas digitais. Então concluímos que a destruição da empresa foi em função da fotografia digital, mas este não foi o principal motivo.
A falência da Kodak foi consequência de previsão incorreta
Por quase um século, a Kodak praticamente dominou o mercado da fotografia, era uma empresa gigante e com presença mundial. A empresa faliu em um momento em que seu mercado só crescia, atualmente tiramos mais fotos em dois minutos do que em todo o século passado inteiro. Quando criou a câmera digital, era evidente que essa inovação ameaçava sua principal fonte de receita, mas a Kodak sabia também que era um caminho sem volta e uma oportunidade de explorar este novo produto. Contudo a péssima qualidade da foto e o alto custo para se fabricar uma câmera digital, fez com que a Kodak continuasse focada no mercado tradicional de fotos. Pois naquele momento acreditava que a tecnologia digital de fotos digitais demoraria décadas para se tornar acessíveis e com qualidade aceitável pelo mercado.
Esse foi o pecado capital da Kodak, não entender a velocidade do avanço da tecnologia, da Lei de Moore, do crescimento exponencial. Mesmo sendo uma empresa inovadora, a Kodak era uma empresa industrial do século XX, com pensamento e comportamento do século XX, onde as mudanças de mercado eram lentas e dominados por grandes corporações mundiais. A Kodak e seus líderes foram incapazes de perceber que a foto digital não seria apenas mais um produto, mas sim uma mudança profunda no mercado de fotografia que estava sendo digitalizado pela tecnologia, e que o mercado tradicional seria praticamente destruído pelo modelo digital.
Na época, o custo por foto era em torno de um dólar, hoje o custo de uma foto digital é próximo de zero. O mercado mundial é dominado por empresas como Instagram e Facebook, que armazenam e compartilham as fotos, e as pessoas praticamente deixaram de revelar fotos em papel. O modelo de negócio se transformou, é o que chamamos de disrupção tecnológica, onde o novo chega e torna o tradicional obsoleto.
Quando a Kodak percebeu esse movimento, já era tarde, seu gigantismo que no passado era garantia de estabilidade e supremacia no mercado, tornou-se seu maior pesadelo. A empresa era lenta, burocrática e confusa em suas estratégias de retomar seu mercado. Não conseguiu ser ágil o suficiente e adequar-se às mudanças do mercado que ela mesmo criou. Recentemente a Kodak conseguiu sair da falência, mas sendo apenas uma sombra do que foi no passado.
Todas as empresas estão sujeitas ao “efeito Kodak”, a digitalização da economia é um caminho sem volta e vai afetar a todos, cada vez mais rápido e de forma mais intensa. O interessante observar que quando uma revolução está em andamento, existe pouca percepção pela maioria das pessoas ou empresas, pois os efeitos ainda são pequenos, mas quando o novo modelo se estabelece a mudança é rápida e atinge a todos. É a “Uberização” dos negócios.
Segundo informações de um antigo diretor que trabalhou nos tempos auges da Kodak, a companhia tinha um discurso de ser imbatível e nunca se preparou para enfrentar qualquer dificuldade.
Ações da Kodak subiram 1.000% após anúncio de produção de farmacêuticos
Em 2011, o pedido de falência da Eastman Kodak, uma das maiores empresas de fotografia da história, responsável por revolucionar a fotografia por 131 anos, surpreendeu o mundo. Entre os maiores erros da empresa, esteve a falta de adesão aos avanços tecnológicos de câmeras digitais, apostando no produto tradicional de um setor que ela mesma ajudou a criar. A Kodak não acreditou que a tecnologia se tornaria acessível para todos tão rapidamente, mantendo suas apostas nos comportamentos do Século XX.
Em 2013, a empresa retornou após vender quase todo o seu portfólio de patentes. Apostando principalmente no segmento de embalagens, serviços de impressão e tecnologias para telas de toque. Suas ações atingiram a máxima histórica de US$37,20 em 9 de Janeiro de 2014, atuando em baixas constantes e chegando a mínima de US$1,55 em 23 de Março de 2020.
Surpreendendo novamente, na primeira semana de Agosto de 2020, a Kodak alcançou um valor de ação de US$33,20 em 29 de Julho, ultrapassando por alguns minutos a marca de US$60 no mesmo dia, após anunciar o lançamento de uma nova área focada na produção de ingredientes para medicamentos. O aumento representa um salto de 1.167%. Um dia antes do marco histórico, o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou um empréstimo para a gigante de fotografia de US$765 milhões, visando a produção de farmacêuticos, representando um aumento de 445%, para logo em seguida tomar proporções astronômicas com o anúncio da empresa.
Aproveitando sua familiaridade com a operação de produtos químicos, a empresa agora busca um novo foco que, por hora, garante uma valorização surpreendente – e possivelmente exagerada, devido ao efeito manada no mercado de ações da Bolsa de Nova York – atraindo os olhos da mídia e possíveis novos investidores.
Seria esse o retorno da Kodak, revolucionando um novo mercado? Será que a empresa aprendeu a acompanhar as tendências e avanços tecnológicos? Sua valorização se deve ao fato de que a empresa está dando um exemplo de Inovação através de seus recursos, ou uma reação nostálgica, devido a sua história?
Thomas Cook também não soube acompanhar a tecnologia
Não seria a primeira vez que uma grande empresa menosprezou seus concorrentes e não soube se adaptar a novas tecnologias.
Fundada em 1841, a empresa britânica Thomas Cook se viu obrigada a declarar falência no dia 23 de Setembro de 2019. Após se deparar com uma dívida de US$2,1 bilhões, a operadora de turismo deixou 22 mil funcionários com empregos ameaçados e quase 600 mil turistas de vários nacionalidades, sem possibilidade de retorno.
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Eu fiz a pergunta ao RIcardo Amorim, no vídeo anexo ao texto.
Agora volto a perguntar: Como ele enxerga o mercado das viagens de negócio pós pandemia?
Uma vez que as reuniões continuaram a serem feitas pelo meio virtual, o quanto este mercado vai reduzir ou se modificar a partir da abertura dos países?