Nas últimas semanas, imagens de vacas russas utilizando óculos de Realidade Virtual circularam nas redes sociais e em diversos blogs de conteúdo especializado chamando a atenção para uma nova aplicação dessa tecnologia imersiva: reduzir o stress e a ansiedade dos animais para melhorar a produção leiteira.
Apesar da pesquisa inusitada, não é de hoje que a Realidade Virtual se apresenta como uma das tecnologias mais promissoras na evolução das interfaces e na maneira como interagimos e nos conectamos virtualmente, possibilitando o desenvolvimento de um mercado bilionário e transformador.
Em recente estudo, a Juniper Research – referência em pesquisas e business intelligence no setor de tecnologia online e móvel – revelou que só o mercado de jogos em Realidade Virtual atingirá 8,2 bilhões de dólares em 2023, representando um crescimento de 580% para os próximos 4 anos.
Esse crescimento será puxado pelo acesso à rede 5G e à maior disponibilidade de software e hardware (óculos e sensores) para dispositivos móveis. Mas nem só de jogos vive esse mercado.
Por aqui, algumas empresas já estão aproveitando o potencial inovador da Realidade Virtual e aplicando em diferentes áreas de negócio. A startup curitibana Panic Lobster, por exemplo, criou uma solução em Realidade Virtual para auxiliar no medo de falar em público e no desenvolvimento de habilidades de comunicação e oratória, tanto para treinamento individual quanto corporativo.
Desvendamos a fundo o que é essa tecnologia tão falada e apresentamos a seguir algumas empresas brasileiras que já estão aproveitando essa onda de imersão.
Mas afinal, o que é a Realidade Virtual?
Também conhecida pelo acrônimo em inglês VR, de Virtual Reality, ou em português RV, a Realidade Virtual é uma forma de interface avançada que permite ao usuário navegar, imergir e interagir em um mundo virtual criado por computador. Em termos práticos, essa definição engloba toda simulação em ambientes virtuais 3D, sejam eles foto realísticos ou não.
Embora a forma mais popular de sistemas de VR sejam os estereoscópicos, ou seja, os que utilizam os famosos óculos imersivos e geram uma imagem para cada olho, existem outras formas de sistemas, como os semi-imersivos, que não restringem totalmente a visão do mundo real.
O principal diferencial dessa tecnologia é a sensação de presença que ela provoca, enganando o cérebro, o qual é capaz de acreditar que está realmente naquele ambiente simulado. Isso explica o grande potencial de aplicação nas áreas de jogos e entretenimento. Entretanto, o poder de empatia que ambientes em VR podem despertar é o que está aumentando seu leque de aplicabilidade.
A área de vendas é uma das que mais pode se beneficiar do alcance dessa empatia, permitindo ao cliente experimentar antes de comprar, desejo unânime do mercado consumidor.
Muito além dos jogos – simulação e treinamento
A exemplo da Panic Lobster, outras empresas estão utilizando a Realidade Virtual como meio de transformar a gestão de pessoas, seja no processo de contratação ou em treinamentos.
Imagina poder treinar seus colaboradores a um baixo custo de produção, com ferramentas de acompanhamento, interatividade lúdica e aumento da retenção de atenção? A agência Casa Mais, pioneira na produção de vídeos em VR, possui uma solução que promete esses benefícios, atendendo clientes multinacionais, como Itaú, Accor Hotéis, e Sanofi.
Já no setor da aviação, conhecido por iniciativas para simulações de voo, a Virtual Avionics recebeu investimento e apoio da Embraer para o desenvolvimento de um simulador em Realidade Virtual para treinamento de pilotos. O software permite treinar os procedimentos de ligar o avião e iniciar o voo, além de luvas com sensores para captura dos movimentos das mãos e, consequentemente, dar mais realismo ao sistema.
Despertando os outros sentidos e o encantamento
Devido ao que chamamos de “efeito WOW”, as agências de marketing vêm se aproveitando da Realidade Virtual em campanhas para diferentes tipos de público-alvo. O Boticário, um dos líderes do mercado de beleza no Brasil, tem apostado em oferecer experiências imersivas aos seus clientes no lançamento de perfumes.
Durante a Campus Party Brasil 2019, em São Paulo, a ativação de um perfume com inspiração oriental transportou virtualmente os campuseiros para o Japão Medieval e os permitiu interagirem com katanas virtuais, como legítimos samurais.
Em outro lançamento, a partir de uma parceria com a casa de fragrâncias IFF, a experiência envolveu recriar os campos de colheitas das uvas especiais que compõem a fragrância do produto, aguçando o olfato por meio da imersão no ambiente virtual.
Aprendizagem ativa e eficiente
Quem nunca sonhou em ter conhecido pelo menos uma das 7 maravilhas do mundo antigo? O 7VRWonders, da VRMonkey, permite um passeio imersivo e foto realístico por todas as maravilhas, com atividades gamificadas e engajadoras.
Já a Beetools nasceu com o propósito de revolucionar o ensino de idiomas, e para isso, criou um seriado em VR para tornar o ensino e aprendizagem da língua inglesa mais interativo, contextualizado e lúdico.
A origem e o que esperar para o futuro
O primeiro relato do termo Realidade Virtual é de 1838, referindo-se às situações criativas e ilusórias do teatro. Entretanto, o primeiro artefato de interação multissensorial para simulações e experiências foi criado só em 1950. A máquina mecânica, chamada Sensorama, é tida como o primeiro sistema de Realidade Virtual, pois permitia a visualização de filmes curtos com interações como vento, aroma e inclinações no assento.
Desde então, diversos dispositivos que permitem imersão e interação em ambientes virtuais foram desenvolvidos, alguns bem-sucedidos, outros nem tanto. Os óculos de VR conhecidos atualmente são evoluções dos HMDs (Head Mounted Displays), que eram capacetes pesados e incômodos, o que dificultava a utilização por um longo tempo.
A evolução da Computação Gráfica, juntamente com a alta disponibilidade de hardware, permitiu o crescimento exponencial da tecnologia, criando termos e aplicações, como Realidade Aumentada e Realidade Mista.
É um caminho sem volta. A tendência é vermos cada vez mais soluções de VR no nosso cotidiano, abrindo novos mercados. Assim como a Internet possibilitou a Era da Conectividade, a Realidade Virtual está transformando a Era da Experiência. Aposte!
Curiosa e inventiva a aplicação do Boticário e da IFF, por se tratar de foco mercadológico em outro dos cinco sentidos. Parabéns pelo
Nossa eu só precisava ler isso! Agora eu entendi tudo?!?