Com mais uma virada de ano se aproximando, começam a borbulhar no mundo da tecnologia as tendências e inovações esperadas para 2023. Uma coisa é certa: apenas entregar tecnologia não será mais suficiente, assim como a sustentabilidade deve ser um dos pilares para os investimentos na área de TI. Todo impacto ao meio ambiente e às gerações futuras deverá ser avaliado pelas empresas e a expectativa é que daqui para frente se estabeleça uma responsabilidade compartilhada na aplicação de recursos sustentáveis. Essas e outras projeções foram anunciadas pelo Gartner, líder mundial em pesquisas e aconselhamento de organizações – analistas apresentaram suas descobertas durante o IT Symposium/Xpo, nos Estados Unidos.
No relatório divulgado pela empresa foram relacionadas as dez principais tendências tecnológicas para 2023 e os próximos anos. Vou me aprofundar nas que considero mais estratégicas para os gestores e usuários de TI, pensando também num universo de médio e longo prazo a ser explorado. A sustentabilidade, como falei anteriormente, é uma das perspectivas mais importantes e que deve prevalecer entre as empresas que investem em tecnologia. O bom sinal é que os CEOs parecem começar a despertar para essa questão, comprometendo-se com metas e políticas de negócios sustentáveis. O próprio mercado tende a forçar essa postura, conforme apontou pesquisa do Gartner, onde as mudanças ambientais e sociais apareceram como prioridades dos investidores, depois de lucro e receita. A sustentabilidade passa a ser vista como um diferencial competitivo.
O que esperar dentro deste cenário pautado na sustentabilidade?
No mínimo, novas estruturas organizacionais, investimentos contínuos e dinâmicas de trabalho diferenciadas precisarão surgir almejando uma maior eficiência energética e um uso sustentável dos materiais dos serviços de TI. A própria tecnologia será aliada nesse sentido. Já temos empresas à frente nesse processo, como a japonesa Mitsui O.S.K. Lines, que usa modelos com Inteligência Artificial para melhorar a eficiência do transporte marítimo, e a concessionária Dubai Electricity & Water Authority, que cria soluções inteligentes de gerenciamento de edifícios que usam 50% menos água. A previsão do Gartner é que, até 2025, 50% dos CIOs (Chief Information Officer) terão métricas de desempenho vinculadas à sustentabilidade da organização de TI.
Outra tendência apontada para os próximos anos – e algo que já vem se falando há tempo -, é a necessidade da igualdade de salários entre homens e mulheres. As empresas que corrigirem as disparidades salariais entre pessoas de gêneros diferentes sofrerão menos com a escassez de talentos até 2025. Isso porque a remuneração é considerada um dos principais impulsionadores de atração e retenção de talentos. Segundo as projeções do Gartner, o mercado de trabalho também deve se tornar totalmente virtual até 2027, fortalecido pelos ambientes do metaverso, com experiências cada vez mais imersivas num espaço coletivo e 3D. Estima-se que daqui a cinco anos, mais de 40% das grandes empresas mundiais terão projetos baseados no metaverso, combinando tecnologias variadas, como Web3, Nuvem, Realidade Aumentada e Gêmeos Digitais.
Os super apps também são tendência para 2023 e os próximos anos?
Para quem ainda não ouviu falar, seriam aplicativos que possuem outros aplicativos dentro deles, o que significa um mundo de possibilidades de serviços e interações. Ou seja, um super app que oferece múltiplos serviços em uma única plataforma. Alguns destes aplicativos já são realidade e fazem sucesso entre os usuários, como o WeChat chinês, considerado o primeiro super aplicativo do mundo. Ali é possível fazer compras, pagar contas, conversar, agendar compromissos, comprar ingresso de cinema, chamar um Uber e muito mais. Até 2027, o Gartner prevê que mais de 50% da população global será usuária ativa de vários super apps.
Gostaria ainda de pontuar as questões relacionadas à gestão de confiança, risco e segurança de Inteligência Artificial. Isso porque muitas empresas ainda não estão preparadas adequadamente para o uso da IA de forma segura, sem que ocorram violações de privacidade ou outros incidentes. Segundo a pesquisa do Gartner, 41% das instituições nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha já sofreram algum problema de segurança envolvendo IAs. Porém, esta mesma amostragem identificou que organizações mais bem preparadas neste quesito apresentaram melhores resultados e os seus projetos alcançaram maior valor comercial. Não é novidade, mas não custa reforçar a necessidade de uma política de investimentos que amplifique as margens de confiabilidade e proteção dos dados no uso das tecnologias.
Um universo tecnológico sem fios também deve começar a ser consolidado em breve. A projeção é que a partir do ano que vem as empresas usarão um conjunto de soluções sem fio para atender a todos os ambientes. Aqui podemos listar desde Wi-Fi no escritório até serviços para dispositivos móveis, serviços de baixo consumo de energia e até conectividade de rádio. Conforme as previsões do Gartner, 60% das empresas usarão cinco ou mais tecnologias sem fio simultaneamente e os ecossistemas em nuvem também devem compor 30% do cenário de fornecedores até 2025.
Como tudo no meio tecnológico, o que não faltam são novidades e inovações a todo momento. E acho ótimo, tecnologia é isso mesmo, a roda não para de girar. São muitas as especulações e perspectivas para os próximos anos. Sou um entusiasta de tudo que envolve esse universo e espero que as projeções sejam sempre as melhores possíveis, com um olhar especial para a sustentabilidade. A tecnologia precisa estar alinhada com este propósito e com as futuras gerações. A aplicação de recursos tecnológicos sustentáveis necessita, daqui para frente, ser uma responsabilidade compartilhada entre todos: gestores, profissionais de TI e consumidores.
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