Resistência à Inovação: O que causa ou quem causa essa dificuldade?

Inovação deixou de ser aquela palavra bonita que servia apenas para integrar os conceitos de missão, visão e valores de uma organização. A mudança deve fazer parte da cultura organizacional, do cotidiano. Mas ainda vemos resistência à inovação por parte de muitos setores e empreendedores.

Pode até haver um esforço por parte do RH ou de outra equipe em levar palestras, seminários e até alguns workshops abrangendo o assunto para a empresa, um conhecimento que até estimula por 1 ou 2 dias, mas que é facilmente abstraído na semana seguinte.

Não há um preparo congruente para a gestão de colaboradores realmente inovadores e times independentes, nada que realmente consiga imputar na veia dos times algo que mexa com o dia-dia.

A busca pelo profissional proativo existe, mas muitas vezes essa proatividade nem pode ser exercida, pela falta de confiança da alta gestão em dar autonomia. Por mais que hajam propostas de ideias inovadoras, o modelo tradicional de execução acaba por travar e frustrar a equipe. A busca por inovação deve começar de cima, com ela existe um processo.

Medo e Incerteza são a base da Resistência à Inovação

Mudar raramente é fácil de aceitar, especialmente no mundo corporativo.

Essa resistência pode ser definida por alguns aspectos, segundo João Alberto dos Santos, em seu estudo sobre a questão da mudança e da resistência à mudança nas organizações:

Pode implicar em novas atividades acrescentadas à rotina dos colaboradores ou na aprendizagem de novos procedimentos e rotinas. Essas alterações representam custos reais para os colaboradores (investimentos em tempo, aprendizagem, preparação, estresse) que devem ser considerados pelo gerente do projeto.

No entanto, se as pessoas perceberem que terão benefícios no longo prazo, tendem a investir o necessário para viabilizar o projeto no curto prazo.

Os principais fatores psicológicos são o medo do desconhecido, a insegurança em relação ao próprio emprego, a desconfiança do líder e a incerteza em relação ao sucesso do processo de mudança.

O principal desafio para o gerente do projeto é desenvolver a empatia necessária para compreender esses temores sob a perspectiva do colaborador, e oferecer a segurança e as explicações necessárias para garantir um clima de confiança e motivação.

Os aspectos sociológicos agregam o peso de coalizões políticas, grupos sindicais e diferentes comunidades. No ambiente interno, o aspecto sociológico pode ser encontrado quando se considera, por exemplo, a existência de grupos de funcionários que podem ser demitidos ou promovidos, ou de dúvidas em relação à manutenção de equipes já acostumadas a trabalhar juntas, etc…

Inovação não é abrir mão de seus métodos

Professor Calestous Juma faleceu aos 64 anos de idade em 15 de Dezembro de 2017.

Em um estudo feito pela Universidade de Harvard, o professor Calestous Juma explorou este fenômeno de resistência à inovação e publicou um livro chamado Inovação e seus inimigos: por que as pessoas resistem a novas tecnologias.

Em seu estudo, Juma chegou à conclusão de que as pessoas não temem a inovação simplesmente por se tratar de novas ideais, mas da perda de uma parte de suas identidades ou estilos de vida, podendo separar as pessoas da natureza ou de seu senso de propósito. Mesmo que com ela venham impactos positivos:

“Há momentos em que novas tecnologias que poderiam ser beneficiais à humanidade (…) acabam frequentemente sendo objeto de oposição pelos mesmos grupos que poderiam se beneficiar delas.” Diz o autor.

“Não é momento…”; “ninguém inova em nosso segmento”; “nosso time não está preparado”; Frases que não deveriam servir como razões para adiar a inovação, mas sim para começar um movimento de real valor.

Já estamos anestesiados de tanto ler e saber de organizações consolidadas que não se adequaram a novos cenários, contextos, não inovaram e simplesmente acabaram e foram suprimidas por novos players que souberam criar novas soluções.

Inovação não é algo restrito a iniciativas tecnológicas

Inovar não está apenas em ideias mirabolantes de tecnologias digitais.

Podemos inovar em processos de fabricação, Recursos Humanos, setores de vendas/marketing, organização de setores, estoques, produtos, serviços, softwares, controles de redução de custos. Da mais simples à mais complexo, inovação é pautada pelo ser-humano, suas dores e necessidades. 

A Inovação deve preceder um estudo de entendimento pelas razões das quais se pretende criar uma solução, analisando desafios e compreendendo como transformar novas soluções em impacto positivo e resultados mensuráveis. Deve ser conduzida por processos, ferramentas e metodologias adequadas. Tudo pensado de forma única para a cultura da empresa e aos seres humanos envolvidos no contexto a ser transformado.

Ela pode ainda ser vista como custo, ceticismo e de difícil aplicação à realidade da empresa, mas isso não é verdade. Podemos inovar em qualquer setor, mercado, área. Em uma época em que tudo o que sabíamos sobre estratégia, competição e negócios está sendo questionado. Será que vale a pena persistir na resistência à inovação?

Como deixar de lado a resistência à inovação e começar a inovar?

Peter Drucker diz que um bom negócio tem duas atividades críticas: inovação e marketing. Essas duas áreas buscam resultado. As empresas devem encarar a inovação como método, filosofia e, como tempo deve ser oferecida a toda a organização, não apenas a algumas áreas.

A inovação deve ser bem organizada, como em toda reforma, ocorrem mudanças na estrutura organizacional e operacional.

Mas dá para escapar da resistência à inovação de forma simples. Tente mobilizar alguns colegas à sua volta para criar soluções diante de em um problema pontual, a segurança do caminho do estacionamento até a mesa, por exemplo. Sempre pensando em quais dores dos agentes a serem impactados pela solução a empresa precisa resolver.

Busque sustentação em pilares como os da melhoria contínua, valorização do ser humano. Com um pensamento voltado a aprendizados. Quanto mais cedo errarmos e aprendermos com os erros durante um processo estruturado, mais cedo acertamos e geramos resultados.

Podemos (e devemos), sim, nos apoiar em ideias internas e externas, caminhos internos ou externos para inovar. Referência é lei. 

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