Os principais requisitos para criar um produto com excelência

Não despreze um bom requisito! Principalmente, aqueles que despertam sua intuição. Só cuidado na calibragem destes feelings. É preciso entender, por métodos, se a demanda agrega ao seu produto, ou simplesmente tira ele do real foco. Nem tudo que parece ser um diferencial faz, de fato, a diferença.

Requisitos são importantes, mas fazem apenas parte de um processo de construção. O Gerente do Produto precisa abranger muito mais que seus conhecimentos para descobrir de fato um produto relevante. Algo que mude um mercado, um público, um conceito, e, ao final, transforme um nicho cultural ávido por mudança.

“A great product manager has the brain of an enginner, the heart of a designer, and the speech of a diplomat” – Deep Nichar, UX at LinkedIn

Mas, o gestor do produto não faz nada sozinho. É muita pretensão daquele que se acha capaz de conceber algo novo apenas com suas ideias. Participados estão: engenheiros, arquitetos, designers, especialistas em marketing e vendas, fornecedores, mercado concorrente, clientes e sponsors. Ufa! Uma verdadeira cadeia, que precisa ser bem gerida, para a concepção de um produto diferenciado, construção de sua escalada e perpetuação em demanda.

Reunir e definir requisitos não basta! É precisa muita negociação e visão holística. Produtos que dão certo, 2013| Robert G. Cooper, traz o método com o qual mais me identifico para a descoberta de um produto de ponta. Com permissão da licença poética, farei minha adaptação à lista de preceitos e passos do professor Cooper. Eis a minha visão:

Conceituação do Produto

Não vendemos mais apenas produtos, é necessário calcular como todo o ecossistema de sua produção será visto pelo consumidor. Saiba como criar seu produto!

Defina a Alma do Produto! Antes de pensar em porquê e como, todo produto traz conceitos e princípios base intrínsecos ao seu DNA, como tecnologia, cultura, alcance, público. Já temos o primeiro ponto de atenção. Existem conceitos e expectativas que pertencem aos criadores [diretos] e aos patrocinadores [indiretos]. É preciso convergir as ideias de forma bem clara, pois possíveis conflitos começam neste momento.

Inúmeros são os produtos que entram em colapso, no futuro, por não passarem por esta fase prévia. É fundamental atender às ansiedades dos seus idealizadores em pessoa física e seus financiadores em pessoas jurídicas. Convergência de expectativas é crucial no começo de tudo, quando ainda nem o papel está riscado em mockups.

Incorporação da Voz Pública

Delimite as Opiniões… Não dá para atender todo um universo de vozes em um mercado tão amplo. O gerente do produto precisa ser “matador” na escolha do range de stakeholders envolvidos. Envolvimento de pessoas críticas e com conteúdo dentro do processo proposto é primordial. Não adianta ouvir aquele perfil que só reclama e não traz conteúdo.

Nunca comece um produto de sua cabeça. A ideia vem da sua cabeça, mas não um produto. Um produto vem da demanda pública. Organização de uma lista de entrevistados para um começo, e delimitação de quem ouvir no decorrer do projeto, implantação e validação no mercado. As vozes precisam ser filtradas em todo o ciclo de um produto. Um simples requisito mal interpretado, pode destruir uma grande ideia em curso.

Definição do Front-End

Qual seu Cartão de Visitas? Tudo e todos possuem uma “cara”. Aquela primeira impressão aparentemente física, que registra como cada um enxerga cada um. De fato, a primeira impressão é a que fica em muitos casos. Por isso o cuidado e critérios nesta etapa. Como o usuário vai enxergar seu produto é crucial para aceitação, motivação, empatia… Pesquisa de mercado e intensificação de entrevistas com o público é importante para esta definição.

O termo “aparentemente física” não foi por acaso. A primeira impressão preenche os nossos 5 sentidos. Não se trata apenas de um front-end, mas sim de uma identificação que possa contemplar tudo que gira em torno do produto [Identidade!]. Algo que possa ser mutável e adaptável aos cenários futuros. Um exemplo básico é um SaaS com perfil de prateleira-vitrine. Fácil de entender as ofertas, e simples de adaptar mudanças.

Convicção de Escopo

Quais as Ofertas?! Parece uma pergunta boba, mas é a pior fase no processo de descoberta de um produto. Na maioria dos projetos, as valias que são enxergadas pelos criadores estão fora da expectativa de valor que o mercado anseia.

Neste momento, o melhor caminho para assertividade, é reduzir a escala do escopo. Quanto mais redução na escala, melhor a chance de assertividade. Conceito de MVP ou, em por extenso Mínimo Produto Viável é muito indicado. Utilizar as técnicas para saber de baixo para cima o que pretender oferecer ao mercado. Assertividade diante das expectativas do público alvo.

Mudanças no decorrer do projeto não é um impedimento, mas um risco grave. Evite alterações drásticas no escopo e nas especificações do produto, para não fragilizar sua identidade. Por vezes é melhor abortar e começar outro produto, que adaptar um antigo, que já se desgastou no mercado.

Aprendizagem com Exemplos

Vivendo e Aprendendo… Uma fase simples, enxuta, mas importante de citar. Todo gestor de produto deve usar todo aprendizado colhido nos demais projetos em prol da evolução contínua. Entender o que deu de errado e certo é fundamental para uma melhor assertividade. O grande ensinamento é que produtos inovadores e que mudaram o mercado mundial são resultados de inúmeros produtos que falharam no passado.

Concepção em Espiral

Agilidade! Segundo Cooper, grande parte das instituições ainda seguem processos lineares e engessados no desenvolvimento de produtos. Falha grave, e que pode ser muito custosa. O artigo não se propõe em discutir modelos e métodos de desenvolvimento, mas é importante entender que não cabe mais seguir um modelo único, é preciso investir em tecnologia, velocidade e agilidade para não ficar para trás. Usar o que tem de melhor em cada modelo.

Modelo startup é o que reflete maior índice de sucesso na concepção de novos produtos. Toda e qualquer empresa por mais robusta que ela seja, pode implantar estes princípios. Através da mudança na cultura e formação de times menos engessados. Desacoplar componentes, seguindo um modelo de implementação aberta. Agregar o que o mercado já tem à disposição, sem necessidade de desenvolver tudo. Pensar cada produto como um modelo Lego.

A definição de uma arquitetura leve e desconecta em tecnológica e conceito permitirá um modelo de sustentação futura mais ágil e menos custoso. De nada adianta ter um bom produto, frágil às mudanças. Quem nunca ouviu aquela frase “Para fazer este requisito temos que reescrever tudo!”? Por isso, atenção aos alicerces e sua construção.

Mensagem ao Mercado

Growth & Thinking!? Em nada adianta a construção de um produto de sucesso, e não deixar claro ao mercado seus objetivos. Inúmeros são os métodos e formas de propagação de um conceito e mensagem ao público. Atuação dos especialistas em marketing e vendas intensifica-se neste momento. É o momento de vender sua ideia pronta. Mas, entendo que não pode ser o único momento. Pois, já não se trata apenas de mera propaganda.

Investir nos métodos Growth Hacking e Designer Thinking permite que a otimização da mensagem ao mercado seja decorrente de um trabalho constante. Um conjunto de métodos aplicados ao longo de todos os passos acima, por toda o ciclo de vida do produto. Analisar e revalidar cada etapa do projeto, otimizando cada ciclo da cadeia.

Já não se trata mais de uma simples mensagem de marketing e vendas deste ou daquele produto. Trata-se da mensagem de uma instituição, do posicionamento de uma marca, de uma linha de produção, de uma gestão eficiente, de uma filosofia a ser implantada, de um modelo de relacionamento, de um canal de interação ao público […].

O foco da mensagem, que antes era apenas na divulgação de um produto, agora tem o desafio de vender todo um ecossistema que o cerca.

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