Oportunidades em Mercados Emergentes no Brasil e no Mundo

Inovação é mais importante do que nunca porque estamos vivendo um ritmo inédito de mudanças nos negócios, na cultura e nos comportamentos. E quem não as compreende, fica obsoleto muito rápido. 

A única forma de fazer com que a inovação aconteça é entender o contexto. Mais do que nunca, a gente tem transformações da tecnologia, de modelo de negócios, da sociedade, de padrão de consumo, da geopolítica e da economia – e todas estão se somando e se multiplicando porque cada uma delas influi na outra. Tudo isso traz desafios, mas também grandes oportunidades. 

Dentro das transformações geopolíticas, a que chama mais atenção nesse momento é a invasão da Ucrânia pela Rússia. Em 1989 caiu o Muro de Berlim e em 1993 a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) se dissolveu. Com isso, deixamos de viver em um mundo bipolar, o da Guerra Fria, e passamos a viver em um mundo globalizado, em que as vantagens competitivas de produzir em um ponto ou outro do planeta é o que determina a produção e o comércio global. 

 

A grande aceleração

A aceleração da globalização nas últimas três décadas trouxe prosperidade em escala global e veio acompanhada de redução da inflação e de das taxas de juros, o que gera mais crédito e também mais dinheiro circulando para quem quer inovar. Nunca houve tanto dinheiro disponível para inovação no planeta quanto na última década. 

Mas talvez estejamos vivendo um ponto de inflexão desta tendência. Antes mesmo da invasão da Ucrânia, já era possível notar sinais de desgaste na economia globalizada, como o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) e a eleição do Donald Trump, que defendia uma pauta anti-globalização. No entanto, até a ação russa contra a vizinha Ucrânia, realizada com apoio da China, não se via uma possibilidade tão evidente de um novo racha do mundo em blocos de países. 

Como parte das sanções contra a política de Putin, a Russia foi deixada de fora do sistema internacional de compensação financeira, o SWIFT, e buscou como aliado o sistema financeiro chinês. Aliás, a China tem uma internet “própria” com aplicativos que não são os mesmos utilizados no ocidente. Pode ser que o dólar deixe de ser o padrão para as trocas internacionais. Não se sabe qual moeda poderia substitui-lo, mas isso pode acontecer. 

Se o mundo efetivamente rachar em dois blocos, a chance da tendência inflacionária que estamos vivendo em 2022 perdurar é bastante grande. Além disso, há os impactos nas cadeias produtivas. Não importa qual seja o produto que vc faz, quase certeza que ou produto ou algum componente dele seja feito na China. Hoje, 30,6% do que é produzido industrialmente no planeta vem da China enquanto 15,5% vem dos EUA. A produção chinesa ultrapassou a norte-americana em 2010 e continua a acelerar, enquanto os filhos do Tio Sam estagnaram.

Imagem via Ricam | Reprodução

 

Oportunidades emergentes no Mundo

Diante de um possível racha, dá para enxergar possibilidades. O mundo tem hoje 169 países emergentes. A maioria tem mercados pequenos, mas cinco se destacam em termos de potencial de mercado: China, Rússia, Índia, Indonésia e Brasil. Com a guerra, os investidores fugiram da Rússia, passaram a temer o futuro na China e, por proximidade geográfica, a Índia e a Indonésia. Isso deixa o Brasil como único grande país emergente sem risco geopolítico, o que nos coloca em uma posição privilegiada em termos de atratividade para o capital. 

Outro ponto: os dois produtos em que a China tem mais demanda que produção são minério de ferro e soja, dois produtos em que o Brasil é grande exportador. E, sempre que a China precisa de alguma coisa, o preço no mercado internacional tende a subir. Isso combinado com a alta do dólar está fazendo com que renda do produtor rural cresça ainda mais rápido. Isso faz com que o interior do Brasil, que há 20 anos vem crescendo mais rápido do que as grandes cidades, receba um novo impulso.

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Isso está gerando uma mudança nos fluxos migratórios internos. Muita gente está trocando as capitais pelas metrópoles do interior – a combinação de maior qualidade de vida, mais oportunidades e trabalho remoto vem inspirando essa mudança. O lado negativo desta valorização dos produtos agrícolas e de energia é que isso gera uma onda de aumento de preços e, claro, inflação.   

 

Oportunidades emergentes no Brasil

Voltando às oportunidades emergentes, o Brasil já é o segundo maior exportador de alimentos do mundo. Produz alimentos para sua própria população e para mais 700 milhões de pessoas. Além disso, é o país com maior potencial em área arável. Se excluirmos a Amazônia, o restante do Brasil equivale a 33 países europeus em termos de área cultivável. Mas ainda é preciso buscar agregar valor. Um bom exemplo é o Chile, que foi de um produtor de uva para ser um produtor de vinhos baratos e hoje é produtor de vinhos de alto valor agregado, premiados. 

O Brasil hoje tem 30,2% do seu território destinado a uso agropecuário. Embora seja visto como um vilão ambiental,é o país que mais protege áreas naturais no mundo, 66,3% do seu território. O segundo lugar fica com os EUA, que protege apenas 19,9%.

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Mas o Brasil precisa melhorar a sua comunicação em relação à questão ambiental. Hoje, o ESG (Environmental, Social, Governance) é a base para a atratividade dos investimentos internacionais. Tecnologia e inovação é meio, o fim é o humano e o ambiental faz parte do humano. E nesse assunto, vale notar que a pandemia fez algumas empresas se valorizarem brutalmente, mas que agora estão em fase de reajuste da sua valorização. Tudo isso mexe com a quantidade de dinheiro disponível no mundo e que pode ser investido em inovação. 

 

O empreendedorismo no Brasil

Um aspecto positivo em relação à economia brasileira é o fato de que estamos adiantados na luta contra a inflação e que nos dá alguma vantagem competitiva. Empreendedores mais determinados e criação de novos negócios são realidades brasileiras. O que falta aqui é foco em inovação. A maior parte dos empreendedores assume que o que ele traz para o mercado é mais do mesmo. E isso tem que mudar porque estamos vivendo uma grande aceleração tecnológica.

A curva de adoção de novas tecnologias se acelerou rapidamente com a pandemia e isso impacta o todo dos negócios. E-commerce, logística, metaverso e outros segmentos cresceram rápido e aceleram tudo. Tecnologias como 5G, IoT, realidade aumentada, realidade virtual, blockchain fazem com que as barreiras entre físico e digital estão caindo. 

O que aumenta a importância dos dados e os impactos do Open Data, que já começou com o Open Banking. Hoje, os dados são o novo ouro. Mas é preciso saber coletar e interpretar dados. E outra transformação que está acontecendo é que a competição acontecendo entre empresas de diferentes setores e as barreiras de concorrência vão caindo. 

Para orientar as ações das empresas nesse cenário de evolução rápida, é fundamental desenvolver uma cultura de inovação. Um exemplo referência é a história da Netflix que usa cada inovação tecnológica como trampolim para suas novas propostas de valor. Por isso, a cultura de inovação é a combinação de eficiência de processos para gerar espaço e resiliência para inovar.  Nunca a humanidade viveu uma aceleração tão grande nas mudanças e na prosperidade. As transformações serão cada vez maiores e mais rápidas.

 

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