Quais são os fatores importantes para as empresas operarem em escala global? A Mentalidade Global Class enfatiza a importância de uma visão global. Saiba mais no artigo a seguir.
A pandemia causou uma tremenda mudança nos negócios globais, com a aceleração do trabalho distribuído e a emergência de concorrência dos mercados internacionais. Nessa nova situação, os autores do Global Class, Klaus Wehage e Aaron McDaniel trazem as respostas para a pergunta: Quais são os fatores importantes para as empresas operarem em escala global?
Estamos vendo uma nova tendência de empresas que estão abraçando a aceleração do trabalho distribuído e a concorrência dos mercados globais. Nós as definimos como “Empresas Global Class“. Elas têm as seguintes características:
- Aproveitam o acesso a um pool maior de talentos diversos.
- Possuem conhecimento local sobre como expandir o negócio em cada mercado único onde seus funcionários residem.
- Têm a capacidade de se expandir internacionalmente cedo em sua jornada de crescimento.
- São compostas por membros da equipe com habilidades valorizadas para apoiar uma presença internacional.
Mudança nos negócios
De acordo com um recente relatório Accenture Business Futures, “71% dos executivos já descentralizaram ou planejam descentralizar a tomada de decisões em partes de seus negócios” e 82% disseram que veem seus negócios operando mais como uma “federação ampla de empresas”, dada a natureza “cada vez mais fragmentada” do ambiente empresarial.
Isso mostra que o foco das operações comerciais está se deslocando de um modelo centralizado de cima para baixo, para um baseado no sucesso distribuído e equipes com missões e foco localizados. Dois exemplos disso são a Meta e a mudança do Rocket.Chat para um trabalho mais remoto.
Sua empresa está presa a uma mentalidade ultrapassada? Como adotar uma mentalidade Global Class? Aqui está como obter ajuda.
Meta e Rocket.Chat espalham a equipe executiva
Um exemplo de empresa que está abraçando esse novo futuro do trabalho é a Meta. O The Hustle relata que os executivos da Meta estão trabalhando em todo o mundo. A sede da empresa fica em Menlo Park, na Califórnia, mas os principais membros da equipe estão se conectando de qualquer lugar, desde Cape Cod até Israel.
Outro exemplo é o Rocket.Chat, a maior plataforma de comunicação de código aberto do mundo. O Rocket.Chat tem sedes nos Estados Unidos e no Brasil, mas opera totalmente remotamente com funcionários de mais de 70 cidades ao redor do mundo.
Apesar de serem remotos, encontrar oportunidades para se conectar pessoalmente ainda é importante. Entendendo isso, Gabriel Engel, co-fundador e CEO do Rocket.Chat, compartilhou em seu artigo no Blog da Global Class como eles organizaram isso: A sede da empresa em Porto Alegre, Brasil, está localizada em uma casa com piscina, uma cozinha externa para churrascos semanais e uma grande cozinha interna.
Gabriel explica no Blog: “Não é necessário que todos vão lá o tempo todo, mas é uma representação importante do que a empresa valoriza. Nossa sede é mais sobre encontrar interação e construir relacionamentos do que ser projetada apenas para as pessoas fazerem seu trabalho”.
Empresas como a Meta e o Rocket.Chat estão percebendo os benefícios de tomar a mentalidade Global Class.
A Mentalidade Global Class
Se a forma como as empresas construíram com sucesso negócios internacionais no passado é menos eficaz na economia global de hoje, o que você deve fazer?
A resposta é: Abraçar a “Mentalidade Global Class“. Essa mentalidade se baseia na ideia de que todos devem ser líderes ao expandir globalmente, não apenas aqueles na sede. Não importa se a empresa está se expandindo em um país ou em 100; trata-se de ter a abordagem correta para o crescimento global.
A Mentalidade Global Class significa ter a visão de pensar globalmente desde o primeiro dia, alavancar uma estratégia de talentos descentralizada, posicionar a sede para ser um facilitador e apoiador dos mercados locais e implementar uma estratégia que encontre a forma local de administrar um negócio. Isso é uma oposição direta à mentalidade ultrapassada.
Os componentes da Mentalidade Global Class se enquadram em 4 categorias:
Visão: Pensar Globalmente desde o Primeiro Dia
Uma empresa “nascida global” é um mito. Uma empresa deve encontrar validação e provar escala em um mercado inicial antes de se expandir para construir a base certa para o sucesso internacional. Em vez disso, as Empresas Global Class pensam globalmente desde o primeiro dia, construindo todos os aspectos de seus negócios – produto, equipe, cultura, operações – para se adaptarem a vários mercados.
Talentos e Cultura: Estratégia Distribuída
A Mentalidade Global Class acredita que o talento é impulsionado por habilidades, não por localização. Eles contratam onde o talento está, entendendo que buscar talento apenas em sua área local é limitante.
Lideranças: Auxiliar e Dar Suporte
Dentro das Empresas Global Class, o papel principal da sede é apoiar e capacitar as equipes locais, não comandá-las. Essas empresas praticam a inovação bidirecional, buscando insights a partir das melhores práticas implementadas em cada mercado local, bem como compartilhando melhores práticas descobertas na sede.
Estratégia: Localização do Negócio
As Empresas Global Class buscam encontrar um equilíbrio, fazendo as coisas “à maneira local”. Elas localizam o negócio para se adaptar ao mercado local, mantendo-se fiéis aos princípios da empresa.
Mentalidade Global Class
Em resumo, as empresas nascidas durante e após a pandemia terão uma aparência e operação diferentes das empresas fundadas anteriormente. Como exemplos da Meta e Rocket.Chat, essas empresas inteligentes estão aproveitando o acesso a um pool maior de talentos, como uma forma de adquirir conhecimento local na escalada do negócio em cada mercado único onde seus funcionários residem.
Junior Rodrigues, Head of Global Innovation Ecosystem and Market na Ventiur, responde quais são os fatores que impedem os fundadores de pensarem em empresas com operações em escala global:
No Brasil o fator de mercado grande, mais de 200M de pessoas, tamanho continental é o que desde o day one prende os founders a ficar apenas em terras tupiniquins, o que sabemos que na verdade em algum momento não será sustentável caso a startup deseje ter escala global e realizar um bom exit.
Temos muitas startups no Brasil que obtiveram sucesso ficando apenas em solo brasileiro, e não há problema algum nisso, porém para alguns segmentos de mercado é inevitável uma tração internacional, porque caso não ocorra será mais uma startup adquirida em algum momento em um M&A que poderia ter sido com muito maior êxito caso já estivessem em operações internacionais.
E quando falamos em dar o start em operações internacionais não é nada complexo, e muito vantajoso no momento atual, principalmente com as ações e políticas públicas de alguns ecossistemas internacionais em atrair startups brasileiras, como no caso o Startup Voucher de Portugal, a Corfo com o Startup Chile e o Canadá, que possui hoje Hubs especializados para receber startups do Brasil e ajudá-los no crescimento em seu país e aproveitar os acordos comerciais existentes, exemplo Chile com a Aliança do Pacifico e Canadá com o zona livre de comércio para alguns países da Europa, facilitando transações e aportes de investimento.
Ou seja, cada startup define sua métrica de objetivo e sucesso, e não há problemas em querer ficar apenas em terras brasileiras, mas as que entendem de mercado já entenderam que ao mesmo tempo que crescem no Brasil podem crescer simultaneamente em outros mercados, e este é o momento de fazer porque muitos ecossistemas internacionais e já bem desenvolvidos desejam a inovação brasileira.
E como o ecossistema Brasileiro pode apoiar as empresas a operarem em escala Global?
Isto é um trabalho que deve iniciar na base, principalmente com as lideranças de comunidade de startups que na sua grande maioria é formada por membros da sociedade civil de forma voluntária ajudando eles a se conectarem com outras comunidades internacionais e gerando trocas e networking, além deles vem os programas de fomento via governo como Capital Empreendedor, Inova Amazônia, Conecta Brasil Startups, etc, incluindo nas mentorias e aceleração um módulo sobre potencialidades de mercados internacionais, cito estes dois pois hoje a grande originação de novas startups vem destes atores. E claro, com a startup já em operação e após passar por rodadas de aceleração, investimento anjo, pré-seed, já está no momento de iniciar o plano operacional para entender sobre mercados internacionais e iniciar operação fora do Brasil, estipulando objetivos e prazos, e buscando o apoio de empresas, consultorias e agências do governo especializadas.
Lembrando que dependendo do país que você se internacionalizar, você além de expandir o crescimento da sua empresa ainda pode receber investimento via fundos perdidos ou incentivo do governo local, como é o caso de Portugal com o Startup Voucher com ajuda de 70 mil euros. Se conseguirmos conectar o ecossistema nacional com os ecossistemas internacionais e realizarmos constantes trocas de oportunidades para as startups brasileiras, tenho certeza que cada vez mais elas ganharão relevância no mercado global.
Sua organização precisa de ajuda para descobrir as lacunas que faltam para alcançar com sucesso uma escala global? A Mentalidade Global Class é apenas um dos muitos conceitos que discutimos em nosso livro, Global Class. Faça esta avaliação para determinar sua Pontuação de Preparo Global e descubra como sua organização pode melhorar sua abordagem para o crescimento global.