O Gigante de Harvard – A Importância e o Legado de Clayton Christensen

Clayton Christensen foi um dos mais influentes autores de negócios dos últimos 50 anos e seu legado, conceitos e ideias seguirão importantes para todos.

Clayton Christensen foi um dos mais influentes autores de negócios dos últimos 50 anos e seu legado, conceitos e ideias seguirão importantes para todos.

Os 2,03 metros de altura de Clayton Christensen poderiam até impressionar, mas seus conceitos e ideias impressionavam ainda mais.

O autor foi um dos mais importantes pensadores de negócios das últimas décadas e seus estudos influenciaram milhões de acadêmicos, empreendedores e profissionais ao redor do mundo.

Christensen faleceu no dia 23 de janeiro de 2020, vítima de um câncer contra o qual ele já lutava há anos. Ele tinha 67 anos.

A Harvard Business Review o chamou de “o Gigante Gentil da Inovação”.

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História de Clayton Christensen: Graduação, Mestrado e Corpo Docente

Clayton Christensen se formou em Economia na Brigham Young University em 1975 e em 1977 concluiu um mestrado na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Em 1979, concluiu seu MBA em Harvard e de lá foi contratado como consultor pelo Boston Consulting Group.

Em 1992, Christensen começou a dar aulas em Harvard. Inclusive, um dos A’s do AAA Inovação, Allan Costa, estudou diretamente com ele na Harvard Business School, em 2010. Allan conta o (emocionante) episódio em seu livro 60 Dias em Harvard – Diário de um AMP:

O fim da aula foi emocionante. (…) Ele foi aplaudido de pé pelos 180 participantes da aula, por vários e longos minutos. Todo mundo reconheceu o esforço dele de estar aqui, seu compromisso e sua entrega. Aplaudi junto, entusiasmado, grato e com lágrimas nos olhos.

Em 1997, Christensen lançou uma de suas obras mais conhecidas e influentes: O Dilema da Inovação (The Innovator’s Dilemma), considerado pelo The Economist como um dos 6 mais importantes livros de negócios já escritos. A premissa dele era de que as razões pelas quais muitas empresas se tornavam bem-sucedidas eram as mesmas que causavam a sua queda.

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O conceito de Inovação Disruptiva foi lançado por Christensen em 1995, na Harvard Business Review e aprimorado em 1997, no livro O Dilema da Inovação.

 

Clayton M. Christensen na premiação Tribeca Disruptive Innovation Awards em 2012. (Foto de John Lamparski)

Para Christensen, essas empresas ficavam tão focadas em continuar fazendo as mesmas coisas que elas já faziam há décadas que se tornavam cegas à chegada de empresas menores, mais rápidas e mais inovadoras. Essas companhias menores ganham mercado rapidamente através de produtos e serviços disruptivos. Hoje na moda e muitas vezes utilizada de forma descontextualizada, o termo Inovação Disruptiva (Disruptive Innovation) foi desenvolvido por Christensen em O Dilema da Inovação.

A Inovação Disruptiva descreve um processo pelo qual um produto ou serviço inicialmente ganha partes menores de um mercado – geralmente por ser mais barato ou mais acessível – e depois se move incansavelmente para o mercado como um todo, acabando por substituir os concorrentes estabelecidos.

Vale lembrar que Christensen cunhou esse termo tão utilizado hoje em dia em 1995.

Andy Grove, ex-CEO da Intel e um dos maiores gestores de todos os tempos, um ano após o lançamento de The Innovator’s Dilemma, disse que o livro tinha sido o mais importante que ele havia lido em 10 anos.

Andy Grove foi o terceiro empregado da Intel e seu mais importante CEO. Ele é considerado um dos maiores ícones da história do Vale do Silício e foi profundamente influenciado pelas ideias de Christensen.

 

Segundo Reed Hastings, cofundador e CEO da Netflix:

Clay teve uma enorme influência sobre mim como CEO. Devo muito do nosso sucesso aos escritos dele.

Reed Hastings, cofundador e CEO da Netflix, diz que muito do sucesso da empresa se deve aos conceitos de Christensen.

 

Os conceitos de Christensen influenciaram também o cofundador e ex-CEO da Apple, Steve Jobs.

Segundo Walter Isaacson, em sua biografia Steve Jobs, o cofundador da Apple foi “profundamente influenciado” pelas ideias de Christensen.

 

A The Economist chamou o conceito de Disruptive Innovation (Inovação Disruptiva) de “a ideia de negócios mais importante do século XXI”.

Desde os anos 2000, o termo Jobs to be done conquista gestores e empreendedores

Outro conceito desenvolvido por Christensen que influenciou drasticamente o mundo dos negócios foi o de Jobs to be done, que o autor introduziu no início dos anos 2000 e desenvolveu no livro Competing Against Luck, lançado em 2016.

Segundo ele, todos nós, sejamos pessoas ou empresas, temos diversos “trabalhos a serem feitos” durante nosso dia e iremos contratar produtos ou soluções que nos ajudem a concluir esses trabalhos. Segundo o próprio Christensen:

Quando compramos um produto, basicamente “contratamos” algo para realizar um trabalho. Se funcionar bem, quando somos confrontados com o mesmo trabalho, contratamos o mesmo produto novamente. E se o produto faz um trabalho péssimo, nós o despedimos e procuramos por algo que possamos contratar para resolver o problema.

A ideia de Jobs to be done ajudou diversos gestores na criação de produtos que estivessem envolvidos na rotina dos consumidores e que realmente fizessem a diferença no cotidiano de seus clientes, entregando um valor claro.

Em maio de 2007, foi fundado o Christensen Institute

Além de ter sido um grande acadêmico e pesquisador, Christensen era também um filantropo, empreendedor e investidor. O Christensen Institute buscava aplicar as teorias desenvolvidas por Christensen no apoio a novos modelos de negócio e produtos disruptivos que pudessem melhorar a vida das pessoas, em áreas como saúde, educação e pesquisas. A Innosight é uma consultoria cofundada por Christensen, focada em ajudar empresas e empreendedores em construir o futuro de suas empresas e carreiras. Por fim, ele era também cofundador da Rose Park Advisors, empresa que investe em companhias disruptivas.

Clayton Christensen e colaboradores na Innosight.

Mesmo com conceitos tão poderosos como Inovação Disruptiva e Jobs to be done, talvez a maior influência de Christensen venha de um livro lançado em 2012, chamado How will you measure your life?, traduzido por aqui como Como avaliar a sua vida?.

A ideia do livro nasceu em 2010, quando Christensen descobriu que tinha câncer. Na obra, o professor aplicava diversos conceitos de negócios que aprendeu e dominou durante décadas, mas aplicados para a vida como um todo. No livro, Christensen discute um ponto fundamental: “Como você irá medir a sua vida?”, aplicando conceitos como “Crie uma estratégia para a sua vida”; “aloque os seus recursos”; “crie uma cultura”; “Evite o erro dos Custos Marginais”; e “Lembre a importância da humildade”.

Dentre algumas de suas mais memoráveis frases, podemos destacar:

? Em sua vida, haverá demandas constantes por seu tempo e atenção. Como você vai decidir qual dessas demandas obtém recursos? A armadilha em que muitas pessoas caem é alocar seu tempo para quem grita mais alto e seu talento para o que lhes oferece a recompensa mais rápida. Essa é uma maneira perigosa de construir uma estratégia.

? Eu achava que o destino era o que era importante, mas acabou sendo a jornada.

? Porque se as decisões que você toma sobre onde investe seu sangue, suor e lágrimas não são consistentes com a pessoa que você deseja ser, você nunca se tornará essa pessoa.

? Para realmente encontrar a felicidade, você precisa continuar procurando oportunidades que acredite serem significativas, nas quais poderá aprender coisas novas, ter sucesso e ter cada vez mais responsabilidades a assumir.

Clayton Christensen e a esposa Christine Christensen.

Embora sejam menos conhecidas que os conceitos de Inovação Disruptiva e Jobs to be done, as ideias que Christensen elabora em How will you measure your life? influenciaram milhões de pessoas ao redor do mundo. Uma frase do próprio autor ajuda a esclarecer como Christensen decidiu medir sua vida:

Eu entendi que, embora muitos de nós não consigamos medir vidas por estatísticas resumidas, como número de prêmios ou dólares acumulados em um banco, as únicas métricas que realmente importam na minha vida são os indivíduos a quem pude ajudar, um por um, a tornarem-se pessoas melhores. Quando eu tiver minha entrevista com Deus, nossa conversa se concentrará nos indivíduos cuja auto-estima eu fui capaz de fortalecer, cuja fé eu fui capaz de reforçar e cujo desconforto eu fui capaz de amenizar – um fazedor do bem, independentemente de que títulos eu tinha. Essas são as métricas que importam para medir minha vida.

Ao longo de décadas, Christensen nos fez repensar empresas e modelos de negócios. Seus conceitos foram aplicados em algumas das empresas mais inovadoras de todos os tempos.

Mesmo assim, acima de tudo, Christensen nos fez e ainda nos faz questionar…

Como você irá medir sua vida?

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