Principais Benefícios da Internacionalização para Empresas Brasileiras

Redução de custos, provavelmente essa seria uma das últimas coisas que você esperaria de um processo de Internacionalização. Entenda como isso funciona!

Redução de custos, provavelmente essa seria uma das últimas coisas que você esperaria de um processo de Internacionalização. Entenda como isso funciona!

No artigo anterior sobre mercados globais, abordamos os principais motivos do porque as empresas brasileiras não têm o costume de olhar para mercados internacionais. Além disso, também pontuamos brevemente algumas das vantagens de se desenvolver um mindset que traga tendências e realidades de negócio de outros países para dentro da sua empresa. 

Nesse artigo, vamos trazer uma descrição mais aprofundada das vantagens que o processo de internacionalização traz para empresas brasileiras, bem como cases de empreendedores que utilizam essa estratégia para se diferenciar da sua concorrência – inclusive no próprio mercado nacional.

Sem sombra de dúvidas, o benefício mais comum relacionado a internacionalização é o potencial de aumentar o faturamento da sua empresa. Pensar que você pode comercializar o mesmo produto/serviço que vende hoje pelo dobro ou até triplo do preço é um discurso muito atrativo, não é? Pois saiba que essa é uma prática muito comum para empresas brasileiras que já estão exportando. 

Quando vendemos para fora, não só temos a vantagem de aumentar exponencialmente o nosso número de potenciais clientes, mas também podemos usar a taxa de conversão das moedas e o poder de compra de outros países a nosso favor.

Um exemplo muito comum nesse caso são as empresas de outsourcing de serviços, como a 87 Labs, uma empresa brasileira que desenvolve softwares de alta qualidade. A empresa concentra boa parte dos seus esforços de venda para o mercado americano e europeu, atendendo clientes como o GoDaddy e a Leroy Merlin, onde a média de salário mensal de um desenvolvedor é de US$ 6.400,00 (aprx. R$ 35.000,00) e acima de € 4.000,00 (aprx. R$ 25.000,00), dependendo do país europeu. 

Enquanto isso, a maioria da sua equipe está no Brasil, onde o salário médio de um desenvolvedor é aproximadamente R$ 4.500,00. Não precisamos entrar muito nos detalhes para entender que essa é uma ótima jogada comercial, né? 

Enquanto você pode focar seus esforços comerciais em países com melhor potencial de mercado, como vimos no exemplo passado, você também pode usar a mesma lógica no sentido contrário. 

Ainda usando o mesmo case, a GoDaddy e a Leroy Merlin contrata mão de obra qualificada no Brasil pagando muito mais barato do que eles pagariam nos Estados Unidos e na França, respectivamente. Dessa maneira, elas conseguem diminuir os custos de desenvolvimento exponencialmente sem perder na qualidade da entrega. 

Essa lógica pode ser aplicada em vários tipos de custo dentro da sua empresa: mão de obra, matéria prima, logística, impostos, contratação de serviços, entre diversos outros. A sacada é entender quais regiões podem te oferecer esse tipo de benefício sem que você perca qualidade na sua entrega final. 

É muito comum vermos empreendedores que desistem de seus projetos inovadores por não terem achado seu product/market fit no mercado nacional sem nem cogitar a possibilidade de testar sua ideia em diferentes países. 

O Brasil é um mercado gigantesco mas, infelizmente, nós ainda enfrentamos muitas barreiras para empreender por aqui. Desde as dificuldades burocráticas até a própria mentalidade conservadora do mercado, existem vários fatores que podem desmotivar e até impedir nossos empreendedores de tirar a suas ideias do papel. 

E, porque não procurar por países que ofereçam outras realidade de mercado que favoreçam o desenvolvimento da sua ideia? Aqui, eu trago o nosso próprio caso como exemplo prático. Quando começamos a uGlobally, enfrentávamos (e ainda enfrentamos) muitas barreiras comerciais pelo fato de startups brasileiras não estarem abertas a explorar possibilidades internacionais.

Nós passamos mais de um ano tentando fechar um projeto com grandes entidades nacionais para incentivar essas empresas a internacionalizar, mas sempre esbarramos nesse mesmo problema da mentalidade do empreendedor nacional. Decidimos abrir a empresa na Holanda depois de um ano tentando no Brasil e, em menos de 3 meses, já tínhamos um contrato para executar praticamente o mesmo projeto para a União Europeia por meio de uma incubadora local, a Crosspring. 

Durante os dois anos do projeto soft-landing, nós auxiliamos +200 atores do ecossistema e +90 startups a expandir para outros países europeus, Índia e Estados Unidos por meio de programas de imersão empreendedora – muito parecido com o que estávamos propondo por aqui.

No nosso caso, a mentalidade do mercado foi a maior barreira. Mas, e no seu? Caso você enfrente dificuldades em outras áreas, como a fiscal e regulatória por exemplo, considere entender novas realidades e avaliar se outras regiões conseguem te oferecer melhores condições para tocar o seu negócio.

O processo de internacionalização envolve diversos fatores, incluindo o entendimento de novas tendências internacionais no seu segmento, estudo de novos competidores e adaptação das suas ofertas para se diferenciar em diferentes cenários. 

Dessa maneira, empresas que entram em novos mercados são forçadas constantemente a inovar no seu modelo de negócio, nos seus processos e diversos outros pontos da sua operação. Além disso, a presença internacional da sua empresa pode te dar acesso diversos novos recursos para auxiliar nesse processo, como novos talentos, novas tecnologias e diferentes incentivos de desenvolvimento.

Do meu ponto de vista, a parte mais interessante é que você não necessariamente precisa focar todo o seu esforço comercial em mercados internacionais para se beneficiar da internacionalização nesse sentido. O processo é muito mais um ciclo de aprendizado do que uma operação comercial, em que você abre a sua empresa para entender diferentes realidades dentro do seu segmento e usa esse conhecimento para aumentar sua competitividade – mesmo que seja apenas no mercado nacional por enquanto. 

Um exemplo muito interessante é o caso da GoApp.pet, um one-stop-shop para donos de pets onde você encontra desde ração até pessoas para passear com o seu animal de estimação. Ao invés de desenvolver a empresa de acordo com os padrões do mercado brasileiro, os empreendedores escolheram entender qual o país com o melhor tratamento de pets do mundo para basear as suas ofertas – a Holanda.

Apesar de o principal foco comercial da empresa ser no Brasil, eles se preparam para competir com base no padrão de qualidade mais elevado do mundo no segmento deles. Dessa maneira, eles aceleraram exponencialmente a curva de aprendizado da empresa, além de gerar um nível de competitividade desleal em relação a qualquer competidor brasileiro que viessem a enfrentar. 

Por conta disso, eles conseguiram encontrar o market fit da empresa e crescer muito mais rápido do que teriam crescido se tivessem se baseado apenas no mercado nacional desde o início. 

Grande parte do processo de aprendizado, seja de startups ou de empresas em geral, é a fase de experimentação e análise de erros.

CONCLUSÃO

É importante ressaltar que, como consequência dos principais pontos que citamos aqui, a empresa que internacionaliza também se protege da grande volatilidade que enfrentamos hoje no mercado brasileiro. Além disso, esse olhar internacional ajuda a proteger a sua empresa contra competidores internacionais que possam estar de olho no mercado brasileiro.

Com o que vimos hoje, a principal conclusão que gostaria de compartilhar é que a internacionalização da sua empresa não é mais uma opção – é uma questão de sobrevivência. 

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