Considerado um dos maiores cases de empreendedorismo da história do Brasil, a XP Investimentos revolucionou o mercado financeiro brasileiro ao bater de frente com os grandes bancos do país.
Tudo começou em 1992, quando Guilherme Benchimol viu a figura de Luiz Cézar Fernandes na capa da revista Exame, acompanhado da manchete: “Ele fez fortuna no caos. Na Década Perdida, Luiz Cézar Fernandes construiu um banco de 1 bilhão de dólares”.
A história de Fernandes, nome por trás da criação de ícones do mercado financeiro brasileiro como Pactual e Banco Garantia (junto a Jorge Paulo Lemann), inspirou o jovem Guilherme Benchimol a cursar Economia.
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Em 2001, após ser demitido do seu emprego em uma corretora, Guilherme Benchimol (direita) se juntou a Marcelo Maisonnave (esquerda) para fundar a XP Investimentos.
Em maio de 2001, Guilherme Benchimol foi demitido da Investshop, corretora na qual ele trabalhava no Rio de Janeiro. Decidiu ir para Porto Alegre para tentar um novo começo e, no mesmo ano, fundou a XP Investimentos, dentro da corretora Diferencial. Os primeiros computadores da empresa eram de segunda mão e foram comprados de uma lan-house.
Mesmo com todo o esforço de Guilherme e Marcelo, a XP teimava em não crescer. Até que os dois decidiram apostar em uma nova frente: a educação.
Ainda no início de empresa, Guilherme precisou pedir dinheiro emprestado ao amigo Julio Capua (hoje, sócio da XP), para que conseguisse se manter e não quebrasse a empresa. Julio emprestou 5 mil reais para Guilherme.
Ainda nesse período, Guilherme e Marcelo começaram a vender cursos de investimento, como uma forma de manter a empresa. Um dos primeiros cursos rendeu R$9 mil à XP Investimentos.
Os dois haviam descoberto ali uma boa oportunidade de crescimento.
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A XP aumentou o seu ritmo de crescimento a partir do momento em que investiu na educação, com agentes autônomos de investimento que davam aulas e ajudavam o cliente a aprender como investir melhor e em entender melhor o mercado financeiro.
Maisonnave, Benchimol, Ana Clara (estagiária que virou sócia da XP e, posteriormente, esposa de Guilherme), Oltramari e Julio Capua.
Em 2007, a XP passou a ser uma corretora. A empresa comprou a menor corretora do Brasil, Americainvest, fundada pelo investidor Klebinho. A partir de então, a XP Investimentos começou a bater ainda mais forte na tecla de que os brasileiros não deviam deixar seu dinheiro parado nos bancos.
Guilherme Benchimol e Klebinho, em evento da XP em 2016. Klebinho faleceu nesse mesmo ano.
Um dos grandes pontos de virada da história da XP aconteceu a partir de 2010, quando os sócios da empresa ouviram falar pela primeira vez da gigante norte-americana Charles Schwab.
A Charles Schwab é uma gigantesca corretora norte-americana fundada em 1971. A empresa revolucionou o mercado de investimentos dos Estados Unidos, criando um “shopping financeiro” e espalhando a sua rede de agentes de investimentos por todo o país, batendo de frente com os tradicionais bancos de Wall Street. Hoje, a Schwab possui US$3,25 trilhões sob custódia.
A XP Investimentos, que sempre defendeu a “desbancarização” do setor de investimentos, viu na Schwab o modelo perfeito para escalar. De 2010 em diante, a empresa estudou ao máximo o modelo de negócio e crescimento da norte-americana e o colocou em prática aqui no Brasil.
Em 2013, a General Atlantic e o fundo Dynamo compraram 31% da XP e investiram cerca de R$ 155 milhões na empresa.
A General Atlantic é uma das maiores gestoras de private equity do mundo, tendo investido em empresas como Mercado Libre, Alibaba, Facebook, Linx, Box, Delivery Hero, Squarespace, Arco, Airbnb, Uber, Gympass, ByteDance, Quinto Andar e Slack.
Em 2014, a XP comprou a Clear Corretora, uma corretora conhecida no mercado por oferecer taxa zero em seus produtos, por R$ 90 milhões.
Em 2016, Guilherme foi capa da revista Exame, junto com a chamada “Seu banco não presta? Ele agradece”. O lucro da XP atingiu 244 milhões de reais e ela era, cada vez mais, uma grande pedra no sapato dos grandes bancos.
Ainda em 2016, a XP fez outra grande aquisição: dessa vez, o alvo foi a corretora Rico.
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Em 2017, o Itaú comprou 49,9% da XP por 5,7 bilhões de reais. Roberto Setubal, ex-CEO e ex-presidente do Itaú, foi um dos grandes articuladores da compra. A transação fez com que a XP Investimentos fosse avaliada em quase 12 bilhões de reais.
Ainda em 2017, Setubal declarou que a XP “é o maior case de sucesso do empreendedorismo dos últimos 30 anos”.
Em 2019, a XP protagonizou o maior evento de investimentos do mundo, a Expert 2019, com presenças de Jorge Paulo Lemann e Ricardo Amorim, um dos A’s do AAA Inovação.
O Expert foi inspirado no evento anual da Schwab, o Impact.
Em dezembro de 2019, a XP Investimentos abriu o seu capital (IPO) na Nasdaq, em Nova Iorque. A abertura de capital deu à empresa um valuation de aproximadamente 62 bilhões de reais.
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Há 18 anos, a empresa começou com apenas 2 sócios e um punhado de computadores usados. A próxima grande meta de Guilherme Benchimol e da XP é atingir 1 trilhão de reais sob custódia. Em setembro de 2019, esse valor era de 340 bilhões de reais.