O que podemos esperar para o próximo ano? Anualmente os editores do LinkedIn pedem à sua comunidade de Top Voices e Creators que compartilhem as grandes tendências que eles acreditam que definirão o próximo ano. Este ano, ofereceram uma seleção de pensamentos sobre para onde vamos daqui.
Não se pode dizer que 2022 tenha sido um ano tranquilo. Celebramos o alívio das restrições impostas pela pandemia em muitas partes do mundo, mas fomos rapidamente atingidos por uma inflação global recorde, a invasão russa da Ucrânia e repetidos lembretes de que as consequências das mudanças climáticas já estão aqui.
O ano que passou também deixou claro como a comunidade global pode se unir, com novos compromissos e pactos para proteger o meio ambiente, esforços para ajudar os deslocados pela guerra na Ucrânia e a entrega de bilhões de doses de vacina contra a Covid-19 para áreas que precisam delas em todo o mundo. Entre as grandes tendências que definirão o próximo ano 2023 estão:
.
1. Open Finance no Brasil: a hora da verdade
O Open Finance, ambiente de compartilhamento de dados, produtos e serviços entre instituições financeiras e clientes, começou a ser construído no Brasil desde fevereiro de 2021, mas será em 2023 que esse conjunto de regras e tecnologias vai entrar na fase final de implantação e impactar a vida dos mais de 182 milhões de clientes do setor financeiro brasileiro. Segundo especialistas, o Open Finance vai aumentar a eficiência dos mercados brasileiros de crédito e de pagamentos, de investimentos e seguros.
O Banco Central (BC), que lançou e organizou o Open Finance com objetivo de fomentar a inovação e estimular a competição no setor financeiro, projeta que 2023 será o ano em que os impactos do sistema na vida das pessoas ficarão evidentes. Isso significa mais produtos para mais clientes e a preços e taxas mais baixos. Com mais de 800 instituições e empresas financeiras inscritas e com as adesões de mais de cinco milhões de consumidores antes mesmo da implementação total da plataforma, bancos e fintechs já começaram a lançar as novidades, como fizeram Banco do Brasil e Bradesco, com crédito, investimentos, contas e transações bancárias.
.
2. Vamos ver a primeira guerra de ransomware
Ransomware, ataque digital que sequestra arquivos e redes de computadores, sempre foi sobre extorquir dinheiro. Mas em 2023 esse tema terá uma dimensão ainda mais ameaçadora — podendo comprometer a segurança nacional. Gangues de Ransomware em países como Rússia e Irã estão cada vez mais próximas dos governos combalidos desses respectivos países. Quando Moscou invadiu a Ucrânia, um dos grupos mais perigosos da Rússia, Conti, anunciou “apoio total ao governo russo” e prometeu colocar toda a sua capacidade “em medidas para retaliar” o “Ocidente belicista”. De maneira semelhante, o grupo hacker Sandworm, que tem ligações com o serviço de inteligência russo, promoveu ataques de ransomware contra alvos na Ucrânia e Polônia.
Uma guerra de ransomware poderia levar à interrupção do fornecimento de energia, comprometer inteligência militar, minar negócios e atividades do governo e elevar os custos de apólices de seguro contra ataques cibernéticos. Com informação obtida por gangues, nações rivais poderiam antecipar movimentos da política internacional dos Estados Unidos e chantagear oficiais de governo. É esperado que o FBI contrate mais profissionais com conhecimento técnico e tecnológico e derrube servidores e outros tipos de infraestrutura que dão suporte a ataques de ransomware. — Renee Dudley e Daniel Golden, repórteres na ProPublica e co-autores do livro “The Ransomware Hunting Team”.
.
3. A inteligência artificial forçará profissionais criativos a se adaptar
Em 2022, o mercado de tecnologia viu uma proliferação de ferramentas de inteligência artificial generativas — isto é, programas e aplicativos capazes de gerar arquivos a partir de comandos em linguagem natural, sem tecnicismos ou mesmo códigos de programação. Gigantes como Microsoft, Meta, Google e OpenAI, estamparam manchetes com seus algoritmos capazes de gerar qualquer imagem a partir de comandos simples em texto.
A nova tecnologia vai além da produção de imagens e também já pode ser usada para criar áudio, vídeo e texto com resultados impressionantes. Alguns tão impressionantes que chegaram a convencer um engenheiro do Google de que as máquinas já têm “alma”. Outros já vencem humanos em concursos de arte. Em 2023, a tendência é que ferramentas do gênero continuem causando calafrios em profissionais criativos. Afinal, como ficam fotógrafos, designers, ilustradores e redatores quando qualquer imagem ou texto pode ser gerado de graça por uma inteligência artificial? Será que, ao contrário do que se imaginava, nem mesmo as profissões criativas estão a salvo da automação?
.
4. Contra a vigilância, trabalhadores e empregadores entrarão em acordo
Quando a pandemia forçou profissionais a trabalhar de maneira remota, empregadores se voltaram a tecnologias que permitiam a vigilância dos trabalhadores. Algumas permitem monitorar toques no teclado, contagem de e-mails e, em alguns casos extremos, até solicitar que funcionários trabalhem com suas webcam ligadas — gerentes foram inundados com dados sobre a atividade de seus empregados.
Em 2023, os empregadores vão começar a perceber que a vigilância só está tornando as coisas piores. Trabalhadores sob monitoramento são “substancialmente mais suscetíveis a fazer pausas não autorizadas, desobedecer instruções, danificar ou roubar equipamentos do trabalho e diminuir o ritmo propositadamente”, afirmam achados publicados na Harvard Business Review por um time de pesquisadores. Se não houver mudança, trabalhadores frustrados podem muito bem tomar a atitude por si próprios e se isolarem, desconectando-se de seus dispositivos de trabalho, prevê Anders Sorman-Nilsson, diretor e fundador do think tank Thinque, da Austrália.
5. Os táxis vão decolar (com os ricos a bordo)
Imagine um drone, movido a energia elétrica, grande o bastante para carregar pessoas, e que pode voar de maneira autônoma até um destino. Eles são conhecidos como eVTOLS (sigla em inglês para veículo elétrico de decolagem e pouso vertical) e estão chegando a diversas cidades do mundo.
Existem cerca de 300 eVTOLs sendo concebidos ao redor do mundo e essa indústria já atraiu mais de US$ 6 bilhões em investimentos privados nos últimos dois anos. Reguladores ainda não bateram o martelo em qual será o modelo padrão, mas a Joby Aviation, empresa localizada na Califórnia, já conseguiu uma das três certificações que precisa junto às autoridades dos EUA para dar início à operação comercial do modelo, que deve começar em 2025.
6. A hiperconveniência vai ditar o consumo
A compra online já faz parte da vida de 49,8 milhões de brasileiros e esse número cresce a cada dia. Mas isso não significa que o varejo físico esteja desaparecendo. Na verdade, grandes redes reagiram à crise de Covid-19 (e o espaço vago deixado no mercado imobiliário), expandindo o número de lojas físicas. O motivo deste movimento está em uma tendência que deve ficar evidente em 2023: o canal de consumo será escolhido pelo consumidor de acordo com a conveniência.
Para um número considerável de brasileiros, o isolamento social causado pela pandemia escancarou as vantagens e desvantagens de cada canal de compras e isso tende a ser usado a seu favor. Se a compra é emergencial, o mercado do condomínio ou do bairro resolve o problema. Se a necessidade do pedido é de algumas horas, há os aplicativos de delivery. Agora, se tiver tempo para pesquisar, o consumidor pode passar em uma loja física, testar os modelos disponíveis e fechar a compra por lá ou acionar diferentes sites em uma busca do melhor preço e entrega.
7. As expectativas em relação ao significado do trabalho serão ajustadas
Nos últimos anos, o propósito ganhou um peso cada vez maior para profissionais ao redor do mundo – e o Brasil não ficou de fora. A pesquisa “Edelman Trust Barometer 2021” revelou que “74% dos brasileiros esperam poder gerar impacto social e afirmam que fatores como o negócio refletir seus valores pessoais são decisivos para avaliar ou considerar um emprego”.
O movimento conhecido como “Great Reshuffle” refletiu isso, com milhares de profissionais abrindo mão de empregos estáveis em busca de um trabalho que preenchesse seu senso de propósito. A multiplicação de startups estampando missões grandiosas e o apoio crescente de empresas a causas nobres fizeram com que os profissionais percebessem que é possível querer um trabalho que não apenas pague suas contas, mas que também contribua para um mundo melhor.
8. O turismo precisará se reinventar
Quando a França anunciou, em abril de 2022, que proibiria voos domésticos entre destinos que estejam a menos de duas horas e meia de trem, isso foi divulgado pelo governo como um passo significativo para reduzir as emissões de carbono em 40% até 2030. Tais restrições no setor de viagens ganharam amplo apoio na Europa.
E com a ONU estimando que as emissões de CO2 relacionadas ao turismo aumentem 25% na próxima década, vários governos podem seguir o exemplo da França. Um movimento cada vez mais eloquente em prol da sustentabilidade defende que precisamos parar de voar – na verdade, parar de viajar – completamente. Estarão com os dias contados as viagens dos europeus para fugir do inverno e de mochileiros embarcando em voos econômicos a cada verão?
9. A era do CEO herói chegará ao fim
Em algum momento entre o ano 2000 e o início dos anos 2010, os fundadores de empresas do Vale do Silício começaram a adquirir um status de semideuses. CEOs de companhias de tecnologia, como Mark Zuckerberg, do Facebook, Elon Musk, da Tesla, Travis Kalanick, da Uber, e Adam Neumann, da WeWork, se tornaram conhecidos com o apoio dos investidores — e as pessoas prontamente os seguiram.
Jovens diplomados que entraram no mercado de trabalho após a recessão de 2008 encontraram pelo caminho promessas vindas de quem havia desistido da faculdade, como Zuckerberg. Esses jovens bilionários se tornaram heróis, idolatrados em filmes, na TV e em estudos de caso de escolas de negócios.
Atualmente, o Barômetro de Confiança da Edelman revela que as pessoas ainda admiram os líderes empresariais, mas estão bastante desapontadas com sua liderança. Mas há um ponto positivo nisso: sem estrelas “tech” para idolatrar, muitos de nós podemos aceitar que os problemas do futuro podem ser resolvidos por pessoas comuns. Talvez esteja na hora de nos tornarmos nossos próprios heróis. — Jessi Hempel e Tanya Dua
10. Low code: nova arma contra déficit de profissionais
A transformação digital que atingiu diversos setores da indústria nos últimos anos não tem data para acabar. E por isso, a demanda por profissionais qualificados em tecnologia também tende a continuar alta, ainda que a oferta não seja suficiente. Dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) indicam que o Brasil precisará de quase 800 mil pessoas no setor de TI até 2025. Mas, por enquanto, só são formados 53 mil profissionais com essa especialização por ano.
Para combater o déficit, a tendência é que mais empresas apostem em low code: ferramentas que não exigem conhecimento técnico aprofundado em programação para desenvolver e fazer a manutenção de sistemas. A consultoria Gartner estima que o low code será responsável pelo desenvolvimento de mais de 65% dos aplicativos no mundo até 2024.
Clique aqui para conferir o report completo de Big Ideas 2023 do LinkedIn