Felicidade e Inovação – Uma ligação surpreendente

O que felicidade tem a ver com inovação? Diversas pesquisas demonstram na prática uma forte conexão entre eles, além de provar que tanto a felicidade quanto a inovação são essenciais para o sucesso de um negócio! Confira o artigo de Luiz Gaziri, que comenta mais sobre essa relação.

A importância da Motivação e Inspiração

A influente cientista da University of North Carolina, Barbara Fredrickson, realizou uma descoberta fantástica, porém, desconhecida pela maioria das pessoas. Fredrickson separou três grupos de pessoas para um experimento, onde os participantes do primeiro grupo assistiam vídeos que evocavam emoções positivas, os do segundo grupo assistiam vídeos que evocavam emoções negativas, enquanto o terceiro assistia a vídeos neutros, que não despertavam emoção qualquer.

Em seguida, Fredrickson solicitou uma atividade aos participantes: de acordo com o que você está sentindo, organize uma lista do que quer fazer agora. O grupo que assistiu aos vídeos positivos fez uma lista maior de atividades, enquanto as pessoas que assistiram a vídeos negativos fizeram listas menores.

Como as emoções afetam o ponto de vista?

Nesse mesmo estudo, Fredrickson apresentou grupos de imagens aos participantes e pediu que informassem qual delas, da parte inferior, mais se assemelhava à figura superior.

Veja, a imagem inferior direita é similar à superior por ser formada por quadrados. No entanto, a imagem inferior esquerda assemelha-se com a superior ao analisarmos a figura como um todo – o conjunto de quadrados forma um triângulo.

Será que todos os participantes conseguem chegar a essa conclusão, de que a imagem superior é um triângulo formado por quadrados? Será que todas as pessoas são capazes de enxergar as imagens como um todo e relacioná-las? Fredrickson descobriu que essa visão do todo dependia do estado emocional do indivíduo no momento do experimento.

Ao apresentarem diversas imagens similares à do triângulo de quadrados aos participantes, e pedirem para que assinalassem as suas semelhanças com outras figuras, aqueles injetados com positividade antes da tarefa demonstraram maior probabilidade de fazer associações usando as figuras como um todo.

Como a felicidade afeta na concentração?

Em um novo estudo, Fredrickson realizou a mesma intervenção com vídeos, porém, colocou sensores faciais nos participantes para acompanhar os sinais elétricos de dois músculos: o zigomático, responsável por levantar os cantos dos lábios quando sorrimos, e o orbicular do olho, que forma o “pé de galinha” nos cantos externos dos olhos quando o sorriso é verdadeiro.

Os sensores conseguiam acompanhar até mesmo sinais elétricos extremamente leves, capturados muito antes de ganharem força para criar qualquer expressão facial. Posteriormente, Fredrickson colocava os participantes para realizarem uma tarefa que exigia grande atenção. Ela descobriu que a ativação conjunta desses músculos previa uma maior atenção futura dos participantes nas tarefas

Maior foco e a criatividade

Essas pesquisas ganharam fama e outros cientistas tentaram replicá-las em seus laboratórios. Na Brandeis University, por exemplo, um grupo de pesquisadores colocou os participantes de um estudo para ver grupos de imagens em um computador enquanto uma câmera sofisticadíssima acompanhava o movimento de seus olhos sessenta vezes por segundo.

Antes de o experimento começar, um grupo de participantes recebia um pequeno pacote com chocolates – uma forma de despertar emoção positiva – enquanto o outro grupo não tinha a mesma sorte. O conjunto ao qual os participantes eram expostos sempre consistia em uma imagem central e outras duas periféricas, conforme a figura abaixo.

Ao acompanhar os movimentos oculares de ambos os grupos, os cientistas confirmaram que os olhos dos participantes do grupo que ganhou os chocolates se movimentavam mais do que os do outro grupo. Além disso, os participantes influenciados pela positividade fixavam o olhar por mais tempo nas figuras periféricas. 

Cientistas da University of Toronto realizaram um estudo similar a este, no qual, além de acompanharem a visão periférica dos participantes, aplicaram um teste para medir a sua criatividade. Depois de saber dos resultados dos estudos anteriores, não será surpresa para você a informação de que o grupo levado a sentir emoções positivas antes das tarefas demonstrou ter uma maior visão periférica, além de maior criatividade.

Saúde mental e física

Na década de 1990, pesquisadores da Cornell descobriram que médicos que recebiam um saquinho com doces antes de uma consulta chegavam a diagnósticos melhores, com menor probabilidade de ficarem fixados nas suas ideias iniciais.

Estes estudos mostram que algo incrível acontece quando estamos felizes – ficamos mais motivados, temos mais facilidade em interpretar situações como um todo, enxergamos mais possibilidades com a ampliação da nossa visão periférica, tomamos melhores decisões, ficamos mais atentos e criativos.

Estes acontecimentos ocorrem pelo fato de emoções positivas causarem a liberação do hormônio ocitocina, conhecido como hormônio da felicidade. A ocitocina aumenta a atividade do nosso córtex pré-frontal, uma parte do cérebro responsável pela projeção do futuro, resolução de problemas, criatividade, pensamento racional, argumentação, linguagem, entre outras tarefas. Sim, nosso cérebro funciona melhor quando estamos felizes

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Felicidade, Inovação e Sucesso

Não por acaso, a renomada cientista Sonja Lyubomirsky da University of California Riverside descobriu numa meta análise de mais de 200 estudos científicos, envolvendo mais de 275 mil pessoas, que a felicidade é a causa do sucesso.

Por todos estes motivos é que se uma empresa quiser ser beneficiada com todas estas vantagens, ela deve buscar a felicidade de seus funcionários hoje.

Porém, com os modismos da meritocracia, do pagamento por performance, do ambiente de trabalho estressante, das metas impossíveis de se bater, da busca incessante pelo reconhecimento, da competição “saudável” entre os funcionários e da valorização desproporcional do sucesso financeiro e material pregada pelo mundo corporativo, fazer os funcionários felizes torna-se uma tarefa impossível.

A felicidade no ambiente corporativo – e consequentemente a inovação – só é possível quando uma empresa primeiramente oferece condições psicológicas aos seus funcionários para que estes possam performar em alto nível. 

Mas, por mais incrível que pareça, a realidade nas empresas é justamente o contrário. Muitas companhias passam a dar segurança aos funcionários somente depois deles mostrarem resultados, algo que fará com que sempre uma minoria consiga performar em alto nível. Muitos estudos científicos demonstram que são poucas as pessoas que conseguem ter bons resultados vivendo em ambientes de insegurança psicológica – a grande maioria de nós tem piores resultados sob pressão.

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O que poucos executivos sabem é que a pressão e o estresse causam a liberação do hormônio cortisol. O cortisol, ao contrário da ocitocina, diminui a atividade do córtex pré-frontal, ativando outra parte do nosso cérebro, a amídala. Resumindo – o estresse piora o funcionamento do nosso cérebro, diminuindo nosso campo de visão, motivação, criatividade, nível de atenção, capacidade de enxergar o todo e também nosso poder de decisão.

É tentador concluir que devemos então procurar para nossas empresas somente as pessoas que conseguem lidar melhor com a pressão, mas esta tarefa é praticamente impossível. Sempre é mais fácil e inteligente criar condições para que a maioria das pessoas sejam vencedoras. 

Salários justos, redução brusca ou eliminação de pagamento por performance, metas alcançáveis e em grupo, programas onde os funcionários podem reconhecer um ao outro independentemente de seu cargo, prover segurança psicológica para as pessoas darem ideias sem medo de ser ridicularizadas, home-office, incentivo às amizades no ambiente de trabalho, dar mais autonomia ao invés de aumentar o controle, valorizar equipes ao invés de indivíduos, diversidade e equidade de gênero são algumas formas de tornar os ambientes de trabalho mais felizes e colher todos os benefícios que as emoções positivas geram. 

Porém, um obstáculo ainda maior a inovação e a felicidade, por mais incrível que pareça, é a disposição dos executivos no topo da hierarquia em trocar suas estratégias atuais por ideias diferentes.

Por mais que todo executivo tenha orgulho em dizer que “pensa fora da caixa”, a realidade é que muitos deles continuam usando as velhas estratégias que todos os outros usam. Estes mesmos executivos são aqueles que, quando as estratégias da empresa não dão certo, culpam as pessoas, dizendo que elas estão na “zona de conforto”.

Enquanto, na verdade, são os próprios executivos de alto escalão que estão na “zona de conforto estratégica”, usando as mesmas estratégias que todos os outros usam, sem nem questionar se elas são realmente efetivas. Você é um deles?

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