A indignação da inovação

A indignação da inovação

Há vários estudos sobre o que move os indivíduos para a inovação. Alguns dizem que é enxergar mais longe, outros que é não se satisfazer com o que está posto, outros falam sobre a inquietação, inúmeras são as abordagens, umas mais aceitas, outras menos.

Hoje quero abordar algo talvez um pouco diferente: um ingrediente em especial e este é a indignação (em casos extremos, até a raiva). Pode parecer pouco politicamente correto falar em indignação e em especial raiva como indutor da inovação. Porém, vou explicar um pouco mais.

Se a lua ficou com o seu lado negro 50 anos sem ser explorado e somente recentemente o foi pela China (e se viu que o lado negro não era tão negro assim), a minha ideia aqui é esta. Não falo da indignação por fúria, mas indignação em olhar um cenário, em passar uma situação, em vivenciar uma dificuldade e então pensar: “Eu vou mudar isto para nunca mais passar por tal situação! Nem permitir que outras pessoas passem”.

Empreendedores que pensam assim (ou melhor, sentem assim), são movidos por uma força intensa. A psicanálise já estudou (e estuda) a sublimação como o processo de transformar instintos mais agressivos em algo produtivo (pensemos em cirurgiões , por exemplo, que acabam cortando pessoas, mas com um objetivo e resultado maior: curá-las).

Outra força que é extremamente intensa é o medo, mas ele não se presta para nosso estudo aqui. Porém, ele leva à mobilização. Povos e nações atacam ainda hoje umas às outras por puro medo de serem atacadas. E para tanto precisam empreender energia e esforços, criar alternativas, inovar. Mesmo que seja para o mal. Portanto, desprezemos esta hipótese.

Voltando à indignação: que tal usar toda esta energia gerada para mudar não só o mindset, mas o sistema e suas forças produtivas, numa jornada disruptiva e que sirva para transformar o ecossistema, progredir e evoluir?
Como disse e como é sabido, a há sentimentos que são decisivamente mobilizadores no ser humano. Não falo da indignação “ruminativa”, aquela que fica latejando dentro do ser humano. Pode até ter um período de incubação, mas é fundamental que ela seja descarregada e direcionada em processos e direção produtivas. Porque força não é nada sem direção, já diziam.

Sob os olhos da indignação, acabamos enxergando as coisas de outra forma. Podemos encontrar alternativas antes não pensadas, cenários nunca vistos, mares nunca antes navegados e encontrar o MVP da canalização de toda esta força.

Não defendo que andemos por aí em busca de revolta ou indignação para sermos inovadores, longe disto. Isto não é necessário. A questão é aproveitar, caso surja uma situação destas (o que não é difícil na vida), de forma criativa e empreendedora.

Quando passamos por situações que nos levam a esses sentimentos, que tal aproveitá-los? Direcioná-los para uma efetiva transformação em nossos negócios, no mindset, mesmo no estilo de vida?

Disrupção pode envolver tudo isto, uma quebra total, como um músico compondo uma melodia que estava indo numa direção e de repente, transforma-se em algo totalmente diferente, inovador e muito mais forte. Sejamos os verdadeiros compositores de nossas vidas, em todas as formas e intensidades.

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