Quando se discute sobre empresas inovadoras e tecnológicas, fala-se muito sobre como você pode ser disruptivo, como criar novas fontes de receita para o crescimento, conseguir levantar capital, e etc… De fato, tudo isso é muito importante, são pontos para estarem sempre no roadmap de todo empreendedor.
No entanto, muitas crenças tradicionais e “antiquadas”, ainda permeiam o ecossistema de inovação como um todo. Estamos em uma realidade cada vez mais inovadora, em que paradigmas são constantemente questionados, produtos e serviços que outrora eram completamente disruptivos tornaram-se obsoletos.
A necessidade de inovar nunca foi tão clara e manifesta. Em razão disso, neste artigo, vamos questionar alguns mitos da inovação, que podem estar enraizados em muitos empreendedores, afinal, fazer algo realmente novo significa ir contra a maré e estar disposto a ser visto como um estranho.
4 Mitos sobre Inovação
Você sabia que pode estar perdendo mais de 45 MILHÕES DE OPORTUNIDADES? Mais de 45 milhões de pessoas não têm acesso à tecnologia no Brasil.
Esse é o número de oportunidades que você pode estar perdendo por pensar que inovar quer dizer adicionar tecnologia ao negócio. As tecnologias não vão determinar se você será mais ou menos inovador. Pois a inovação, nada mais é do que solucionar problemas reais de maneira prática, acessível e simples.
Para isso, é fundamental entender mais a fundo sobre o que realmente é inovação e quais são os mitos em torno dela. Confira os 4 principais mitos da inovação a seguir:
1. Inovação é um departamento/uma pessoa
O erro de boa parte das companhias que buscam inovar é encarar a inovação como algo isolado dentro da organização. Muitas empresas criam departamentos de inovação com a esperança de que eles conduzirão toda a organização para um horizonte mais inovador. O perigo é que essa iniciativa pode acabar passando a mensagem de que a inovação é algo restrito a algumas poucas pessoas super criativas, ou exclusiva de apenas um departamento.
A verdade é: mesmo que determinada empresa possua um chefe ou um departamento de inovação, ela deve estar presente em todos os colaboradores. Inovação é, antes de tudo, uma prática, não um departamento ou uma pessoa.
O papel de um departamento ou chefe de inovação não é trazer modelos disruptivos para a companhia, mas sim, permitir e incentivar práticas inovadoras dentro da empresa.
2. Inovação é apenas para grandes empresas
Outro grande mito tem a ver com a ideia errada de que inovação é apenas para grandes empresas. É natural que, com o surgimento de novas tecnologias, novas startups e novos modelos de negócios, grandes empresas tenham começado a buscar diferentes formas de inovar.
Contudo, a grande questão é: Inovação tem a ver com fornecer valor para o cliente. Assim, é errado presumir que apenas grandes companhias devem buscar inovar.
Não importa o tamanho, o segmento ou o tempo de mercado. A inovação deve ser buscada por todos os tipos de empresas.
3. Inovação é sobre ter grandes ideias
Ao nos depararmos com negócios como Uber e Airbnb, é natural que pensemos algo como: “Por que eu não pensei nisso antes?”. Isso pode te passar a imagem errada de que inovação tem a ver com grandes ideias, ou então com um momento eureka no qual um empreendedor foi iluminado e se motivou a construir um negócio disruptivo.
A verdade é que inovação não tem a ver com ter grandes ideias.
Ter uma boa ideia é a parte fácil da equação.
Inovações bem-sucedidas tem a ver com processos, metodologias e, sobretudo, em saber como executar o que deve ser executado. Larry Keeley, especialista em inovação, exemplifica dizendo que exaltamos grandes inovadores, como Steve Jobs e Thomas Edison, o que nos faz pensar erroneamente que inovação depende de pessoas altamente talentosas. Keeley defende que a inovação deve ser vista como um esporte de equipe.
“A inovação é um esporte de equipe e não um domínio de um gênio raro ou de uns poucos escolhidos. Qualquer um pode (e deve) aprender a inovar e, com a prática, qualquer um pode se tornar melhor em inovar.”
Tim-Berners Lee, criador do protocolo WWW e um dos fundadores do que chamamos hoje de Internet, diz que:
“Os jornalistas sempre me perguntam qual era a ideia crucial ou qual foi o evento singular que permitiu que a web existisse. Eles ficam frustrados quando eu digo a eles que não houve momento Eureka. Não foi como a maçã lendária caindo na cabeça de Newton para demonstrar o conceito de gravidade… foi um processo de crescimento gradual.”
Tim-Bernes Lee, criador do protocolo WWW.
Inovação é mais sobre execução do que sobre momentos eureka.
Segundo a Accenture, 84% dos executivos consideram seu sucesso futuro diretamente ligado à inovação.
4. Inovação é sobre tecnologia
https://www.instagram.com/p/CN3TF0chpwG/
Por fim, um dos maiores mitos sobre inovação tem a ver com tecnologia.
Como boa parte dos negócios que mais chamam a atenção nos últimos anos têm forte base tecnológica, é natural que muitas pessoas confundem inovação com tecnologia. Contudo, é importante ressaltar que tecnologia é apenas um meio para que a inovação aconteça.
O fato de muita gente confundir os dois termos faz com que notícias como essa ocorram:
Você notou quantos comerciais envolvendo “Inteligência Artificial” surgiram nos últimos tempos?
- O Bradesco, com a BIA.
- A Vivo, com a AURA.
- TV TLC com Inteligência Artificial.
- O Boticário e o Egeo On, a primeira fragrância do mundo feita com ajuda de Inteligência Artificial.
Comercial da BIA, Inteligência Artificial do Bradesco
Isso pode fazer com que gestores de negócios de todos os tamanhos acreditem que a tecnologia em si e não o que ela possibilita é o que realmente importa.
O simples uso de uma tecnologia não torna nenhuma empresa inovadora de imediato. Lembre-se que depois da democratização do acesso à Internet e das ferramentas trazidas por ela, a tecnologia virou praticamente uma commodity. Como usá-la é que faz a diferença.
A pergunta deve ser sempre: “Como eu posso usar tecnologia para inovar?”, em vez de “Qual tecnologia eu posso usar para inovar?”.
A diferença é sutil, mas poderosa.
“Inovação é adotar a proporção adequada de tecnologia para beneficiar o usuário” – Arthur Igreja